Obra da investigadora italiana Teresa Bartolomei é apresentada dia 23 de abril na Universidade Católica em Lisboa
Lisboa, 18 abr 2018 (Ecclesia) – A Universidade Católica Editora vai apresentar no dia 23 de abril a obra ‘Radix, Matrix’, da investigadora italiana Teresa Bartolomei, sobre as origens do Cristianismo enquanto modelo para a reconfiguração da sociedade.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, a autora destaca a relevância de estudar a Igreja primitiva, e todo o processo que decorreu até à criação de uma “comunidade única”, para perceber que caminhos devem ser adotados hoje, em que há cada vez maior necessidade de conjugar comunidades culturais, religiosas e políticas diferentes”.
“Já não vivemos em sociedades unitárias, monolíticas e de monopólio religioso como acontecia há anos. E temos que encontrar formas de coexistência que não sejam monoculturas separadas, porque o risco é que a sociedade fique fragmentada em mundos diferentes que não têm diálogo”, aponta a investigadora.
A autora aponta para a urgência “de encontrar formas de convivência em que a diversidade seja respeitada, mas também haja um momento de integração”, e recorda que “foi precisamente essa a aposta da Igreja das origens”.
Numa época “em que havia a necessidade de integrar um mundo, um universo cultural diferente como era o pagão, numa tradição forte como era a tradição judaica”, recorda a estudiosa italiana, formada em Filosofia da Linguagem e Teoria Literária.
Saída do ‘laboratório’ do “Centro de Investigação em Estudos de Teologia e Religião” da Universidade Católica de Lisboa, onde Teresa Bartolomei está atualmente a trabalhar, a obra ‘Radix, Matrix – Pertença comunitária e um modelo eclesial de comunitarismo universal’ procura ir ao encontro de uma premissa editorial da Universidade Católica Portuguesa.
Abordar matérias ou temáticas normalmente consideradas mais densas, de forma descomplicada, sintetizada e “em diálogo com a sociedade e a atualidade”, e “ultrapassar aquela ideia da Teologia como um ambiente fechado, como um discurso de autorreflexão puramente dogmática, mas abrir a reflexão teológica à interrogação da atualidade”, frisa Teresa Bartolomei.
Neste caso, são trazidos a debate conceitos como “democracia” e “cidadania”, os “direitos individuais” face aos deveres resultantes da “pertença” a determinada comunidade, cultural, política ou religiosa, a “universalização inclusiva” diante do “particularismo exclusivo e regressivo”.
De acordo com esta obra, estudar a ‘raiz’ (radix) da Igreja Católica, a sua origem e percurso, como se consolidou e continua a consolidar enquanto comunidade, pode dar a ‘matriz’ (matrix) necessária para possíveis soluções quanto ao processo de “integração interna e externa das sociedades nacionais”.
Quando se assiste a várias formas de divisão, ao nível dos Estados, dos países, das organizações, e por outro lado a exemplos de “assimilação externa indiferenciada”.
Perante estes desafios, a investigadora italiana considera que a história da formação da primeira comunidade cristã, a partir da ação de Paulo e de outros apóstolos de Cristo, continua a ser uma mensagem “revolucionária, inquietante” para o atual mundo fraturado.
Porque, prossegue a autora, o cristianismo nasceu não focado numa “noção de universalismo dogmático ou ontológico”, mas foi “construído com base numa procura do Homem”, para a relação com Deus, é certo, mas também para a busca da “verdade”, de um “caminho comum”.
A apresentação do livro ‘Radix, Matrix’, de Teresa Bartolomei, está marcada para dia 23 de abril, pelas 18h00, na UCP de Lisboa, na sala de exposições da Biblioteca João Paulo II, com a participação de António M. Feijó, vice-reitor da Universidade de Lisboa, e Gonçalo Almeida Ribeiro, juiz conselheiro do Tribunal Constitucional.
CB/JCP