«Lição de consagração» de Henrique Noronha de Galvão lembra percurso de grande peso humano e teológico Não se limitou a ensinar e a fazer Teologia para teólogos, mas “fez Teologia para a cultura portuguesa” – afirmou Manuel Braga da Cruz, Reitor da Universidade Católica Portuguesa (UCP), na cerimónia da «última lição» do professor Henrique Noronha de Galvão, que decorreu esta Terça-feira. A “lição do consagração” – expressão do reitor da UCP – teve como temática central a «Conversão à Sabedoria. A Actualidade de Santo Agostinho». Em declarações à Agência ECCLESIA Henrique Noronha de Galvão manifestou-se “contente com o percurso tomado” e confessou que teve uma “sorte imensa por ter tido grandes mestres: no Seminário dos Olivais e, sobretudo, na Alemanha com o actual Papa”. Num dos anfiteatros da UCP, o professor recordou algumas etapas da sua vida. As investigações e interpelações que culminaram na tese de doutoramento «O conhecimento existencial de Deus em Agostinho. Uma leitura hermenêutica das Confessiones». Cada um à sua maneira, S. Agostinho e Bento XVI foram os seus grandes mestres. “O próprio S. Agostinho é o mestre do meu mestre” – disse. E acrescenta: “Ratzinger dizia – chegou a escrever – que toda a sua Teologia foi desenvolvida em diálogo com S. Agostinho”. Não foi o único, mas S. Agostinho “moldou o pensamento do Ocidente”. Foi o legado deste doutor da Igreja que permitiu à Europa “encontrar o seu caminho quer do ponto de vista cultural quer do ponto de vista civilizacional”. Na cerimónia, Noronha de Galvão afirmou que a Faculdade de Teologia da UCP só cumprirá a sua função se lhe forem dadas condições para a investigação. Com cerca de 40 anos, a Faculdade de Teologia “ainda é relativamente jovem e a tradição académica teológica não é uma coisa que se improvise rapidamente”. Portugal teve uma grande tradição teológica – foi quebrada com a República de 1910 –, mas agora “precisamos de tempo e experiência”. O último número da Didaskalia – Revista da Faculdade de Teologia/Lisboa – é uma homenagem ao teólogo que proferiu a última lição. «O conhecimento de Deus – Homenagem a Henrique de Noronha Galvão» contém textos de grande peso humano e inegável valor teológico, “a começar pela nota de Joseph Ratzinger, publicada com a autorização expressa do autor, que qualifica de «obra-prima» a tese de doutoramento do homenageado e inclui uma extensa biobibliografia deste notável académico e homem de Igreja” – lê-se na abertura da revista, assinada por Peter Stilwell, director da referida Faculdade.