UCP desafiada a combater «falsa laicidade» moderna

Na defesa da matriz cristã da sociedade portuguesa A Universidade Católica Portuguesa (UCP) tem o dever de defender a «matriz cristã» da sociedade nacional combatendo a «falsa laicidade » que se tem generalizado nos dias de hoje. Este foi o desafio que D. Jorge Ortiga deixou na celebração eucarística comemorativa do Dia da UCP, ontem de manhã, na Sé Primacial, com a presença dos directores das faculdades, alunos, professores e funcionários do Centro Regional de Braga. Realçando o lema da “Católica” – Uma Universidade aberta ao mundo – como capacidade de influir e intervir socialmente, o Arcebispo Primaz desafiou o corpo docente e discente daquela instituição a «propor o que Cristo pensaria ou diria a respeito das problemáticas concretas» deste tempo e também a intervir do mesmo modo como «interviria Cristo perante a complexidade e variedade das situações humanas». Esta conformação ao «pensar e ao agir de Cristo» foi, de resto, o elemento primordial defendido pelo Arcebispo que considerou esta celebração eucarística «uma oportunidade para compreender melhor aquilo que a Igreja e a sociedade esperam da UCP». Para D. Jorge Ortiga, esta instituição que completou, no ano passado, 40 anos de vida é, por essência, «instrumento » do «agir» e do «pensar » segundo o modelo de Jesus Cristo. O prelado bracarense considera que a «intervenção» a que são chamados os alunos e professores, «actuais ou antigos », dever ser capaz de justificar um reconhecimento por parte da sociedade e do mundo. D. Jorge Ortiga, falando do laicismo da sociedade contemporânea, referiu que «pode parecer que o mundo desconsidera e ridiculariza a referência ao pensar e ao agir de Cristo» contudo, alertou que «ninguém pode ignorar a mais-valia que é essa referência» enquanto possibilitadora de sentido para as realidades humanas concretas. Na linha da intervenção social, o prelado deixou bem clara a urgência e a necessidade de os cristãos se tornarem «actores na sociedade do conhecimento» sem complexos de qualquer ordem. Neste sentido, e concretizando a mensagem evangélica das Bem-aventuranças contida no Evangelho do dia, asseverou aos presentes que «se o mundo verificar que as pessoas ligadas à UCP propõem uma sociedade de matriz cristã, mais tarde ou mais cedo, a sociedade há-de reconhecer o valor inestimável daquela instituição». Para o prelado, o caminho apresentado por Cristo nas Bem-aventuranças «estimula a um compromisso de responsabilidade». Todavia, o Arcebispo atendeu, particularmente, a «última das Bem-aventuranças» sobre os perseguidos. Por isso, afirmou que o trabalho de descobrir Deus nas realidades humanas e de propor o que Deus quer em relação a essas realidades, são «missões difíceis» mas não impossíveis. E assevera que «a recompensa do cristão, contudo, não está nos aplausos nem nos resultados estatísticos». Para D. Jorge Ortiga, essa mesma realização assenta na «alegria» de ser discípulo de Cristo pois, esse discípulo é aquele que «compreende e mostra ao mundo a mensagem do Evangelho». O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) ao apresentar a “Católica” como uma universidade aberta ao mundo disse que, através do «conhecimento», a UCP encontra-se «na vanguarda das diversas áreas do saber» por meio de uma «capacidade de domínio» que não é «autoritarismo» mas «serviço». A partir da segunda leitura da Eucaristia, o presidente da CEP deixou o desabafo: «somos o que somos: não muito sábios, influentes, bem nascidos». E prosseguiu: «Cristo escolheu o que é louco aos olhos do mundo para confundir os sábios; o vil e o desprezível para reduzir a nada aquilo que vale e confundir os poderosos». Esta celebração eucarística contou também com a presença do Seminário Conciliar de S. Pedro e S. Paulo, onde vivem alunos e professores da Faculdade de Teologia, que sustentou a parte musical. O problema do financiamento O cónego Pio Alves de Sousa, na qualidade de presidente da Comissão Instaladora do Centro Regional de Braga, em nome do reitor da UCP, Manuel Braga da Cruz, agradeceu ao Arcebispo Primaz a presença para presidir à celebração eucarística. O também Deão do Cabido agradeceu a todos os que se deslocaram à Sé, a «oração» e a «contribuição generosa» destinada à UCP. Como habitualmente, os peditórios das missas deste fim-de-semana revertem para os “cofres” da Universidade que o vai aplicar no apoio aos alunos mais carenciados da Faculdade de Teologia. A este respeito, recorde- -se que anteontem, Braga da Cruz, reitor da UCP, tinha deixado duras críticas em relação à actuação do Governo especialmente no que concerne ao não financiamento do Estado à “Católica”. E não foi ao acaso que o presidente da CEP pediu, a terminar a sua reflexão, o «esforço » e o «compromisso» para que o mundo, e «em especial as autoridades civis, compreendam o papel fundamental da UCP». O Arcebispo pediu aos presentes uma «séria consciencialização » em relação à real importância que tem esta universidade para a Igreja e para a sociedade portuguesa

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