50 anos após o Concílio Vaticano II, ação católica vive numa «certa encruzilhada», considera o professor José Eduardo Borges de Pinho
Lisboa, 20 fev 2014 (Ecclesia) – A 35.ª jornada de Estudos Teológicos da Universidade Católica Portuguesa (UCP), que vai decorrer em Lisboa entre 26 e 28 deste mês, pretende contribuir para a “reatualização” pastoral da Igreja, de modo a que ela seja “verdadeiramente evangelizadora”.
Em entrevista concedida à Agência ECCLESIA, o professor Eduardo Borges de Pinho considera que 50 anos após o Concílio Vaticano II (1962-1965), a ação católica vive numa “certa encruzilhada”.
Tal como na altura da reunião ecuménica convocada por João XXIII, falta criar condições para uma “consciência renovada da Igreja”.
“A herança do Concílio só é viva se nós nos perguntarmos como é que as coisas têm decorrido e o que é que podemos e devemos fazer em ordem a renovar para o futuro”, realça o docente da Faculdade de Teologia da UCP, entidade organizadora da jornada.
Subordinado ao tema ‘Imaginar a Igreja – Sinodalidade, Colegialidade, Ministério de Pedro’, o programa do evento vai contar com a participação do teólogo e canonista belga Alphonse Borras e do espanhol Salvador Pié-Ninot, professor de Teologia Fundamental e de Eclesiologia na Faculdade de Teologia da Catalunha.
Eduardo Borges de Pinho recorda que “sinodalidade quer dizer caminho em conjunto” e é uma expressão que faz parte “dos fundamentos” da Igreja Católica
“Quando olhamos para o futuro não esquecemos a matriz, as experiências fundamentais da vida da Igreja mas vamos procurar refletir como é que essas experiências e dados fundamentais do viver eclesial se concretizam”, explica o docente.
Um dos temas que vai estar em cima da mesa é o modelo de funcionamento das estruturas católicas, nacionais e diocesanas.
Para o especialista em Eclesiologia, “há formas concretas de realizar a sinodalidade e até a colegialidade em que o aspeto deliberativo pode crescer”.
Um dos “exemplos”, inclusivamente já apontado “pelo Papa Francisco na exortação Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho)”, está relacionado com o funcionamento das conferências episcopais.
“No n.º 32 ele chama atenção para as conferências episcopais deverem crescer no seu papel mais interventivo, até por ventura também a nível doutrinal”, recorda Borges de Pinho.
O docente alarga esta reflexão também aos conselhos pastorais diocesanos e paroquiais, “que não são apenas órgãos de consulta, no sentido vago, e de debate, mas órgãos que podem e devem ajudar as pessoas a uma intervenção mais ativa que leve também os responsáveis eclesiais a atenderem” a determinadas propostas e solicitações.
A entrevista vai ser transmitida hoje às 18h00, no Programa ECCLESIA (RTP2).
HM/JCP