Mensagem para o próximo Dia Mundial denuncia «violência contra a natureza»
Cidade do Vaticano, 26 set2023 (Ecclesia) – O Vaticano apela, na sua mensagem para o 44.º Dia Mundial do Turismo, que se celebra esta quarta-feira, a “investimentos sustentáveis” no setor, que protejam o ambiente e o património cultural.
“A atenção para com a criação permite que os cristãos promovam também uma forma de economia que não tenha como objetivo a maximização do lucro, que muitas vezes leva à violência contra a natureza, com fortes repercussões na dignidade da pessoa”, refere o texto, assinado por D. Rino Fisichella, pro-prefeito do Dicastério para a Evangelização.
‘Turismo e investimentos verdes’ é o tema escolhido pela Organização Mundial do Turismo para o Dia Mundial do setor, a 27 de setembro.
“Favorecer os investimentos sustentáveis é também um testemunho de fé, que se baseia no respeito pela natureza, criada e confiada a nós por Deus. De facto, a atenção para com a criação e a sua preservação fazem parte da mensagem bíblica”, indica o organismo da Santa Sé.
A mensagem destaca a ligação entre “economia sustentável e dignidade humana”, sustentando que “o primado da ética não pode ser obscurecido pela sede de lucro”.
“Não se pretende com isto bloquear o progresso tecnológico e nem sequer o desenvolvimento económico. A atenção e o apoio aos investimentos sustentáveis não podem, portanto, ser considerados como um entrave, mas sim como uma visão de longo alcance que se abre a projetos a longo prazo, sem cair na miopia do lucro imediato”, refere D. Rino Fisichella.
O Vaticano pede ainda uma aposta na “preservação cultural e espiritual”, considerando necessário que os investimentos “não tenham como único objetivo o turismo de massas, possível veículo de perda de identidade cultural e religiosa”.
Relativamente às obras de arte, que desde há séculos são parte do património da humanidade e que se tornam o destino de turistas de todo o mundo, é útil reafirmar que a sua proteção é responsabilidade de todos, pelo que se deve condenar convictamente qualquer forma de violência que atente contra a sua conservação”.
A mensagem desafia as comunidades católicas a ser acolhedoras, relativamente aos turistas, que deve ser mais do que um “cliente”.
“Num contexto cultural em que predomina a indiferença, é decisivo que os cristãos sejam testemunhas de um acolhimento que deixe as pessoas à vontade e as faça experimentar a fraternidade”, pode ler-se.
D. Rino Fisichella, responsável pela secção para as “questões fundamentais da evangelização no mundo”, no Dicastério para a Evangelização, encerra o texto com uma evocação do próximo Jubileu, o Ano Santo de 2025.
“Não deixemos de contemplar a beleza da criação no cuidado da nossa casa comum, que nos foi confiada por Deus”, escreve.
OC