ONU declarou 2017 Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento
Ourém, 13 jan 2017 (Ecclesia) – A Casa Velha, em Ourém, é um espaço que hoje concretiza a proposta da Organizações das Nações Unidas para o Ano internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento.
“Há quatro gerações atrás da nossa que, tal como nós, tiveram a inquietação de cuidar deste espaço. A sustentabilidade passa por aqui: não se trata de conservar as coisas como estão, mas ler a realidade criticamente e dialogar com a história para assim se encontrar um novo rumo”, explica à Agência ECCLESIA Margarida Alvim, presidente da direção da associação Casa Velha, Ecologia e Espiritualidade.
A ONU declarou 2017 como Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento, com o objetivo de estimular a compreensão entre os povos, contribuir para uma maior consciência da herança de várias civilizações e alertar para o valor que diferentes culturas podem ter para o fortalecimento da paz no mundo.
Num espaço de 67 hectares marcado por árvores centenárias, a proposta da Casa Velha tem por objetivo proporcionar um encontro pessoal "com a natureza, com a Criação e com os outros".
Margarida Alvim recorda que após um período de "adormecimento e amadurecimento da Casa", decidiram retomar a atividade agroflorestal, apostar no agroturismo e no desenvolvimento económico e social local.
"Esperamos em breve voltar a ter ovelhas, ter uma horta maior que permita a produção de alimentos para as atividades da casa e para o agroturismo, mas que seja também um local de encontro entre os produtores da terra, promovendo o comércio e o desenvolvimento local".
A responsável reforça ainda: “São parcerias locais que vão ativando redes que são importantes para a sustentabilidade deste território ao mesmo tempo que alimentam a relação de confiança entre produtores e consumidores”.
Ovelhas, horta, ervas aromáticas, abelhas são alguns dos cultivos que entre o projeto e a realidade vão já acontecendo na Casa Velha e servem para formar novas gerações e aproximá-las de gerações mais velhas.
“Integramos grupos de escolas e de jovens que por aqui vão passando para perceberem melhor o sue papel como consumidores nesta cadeira, ao mesmo tempo que recebemos todos os meses idosos que participam nas atividades conforme a altura do ano: ora ajudam a escolher chá ou orégãos ou passam a tarde a cantar à volta da lareira no inverno”.
A marca da espiritualidade teve na raiz de toda “a nova Casa Velha”, com o apelo “a cuidar e a renovar este espaço com sentido e respeito”.
A obra teve início quando a “antiga garagem foi convertida na capela do Bom Pastor”, local que continua a marcar “as atividades, sendo local de encontro, paragem e oração”.
Se à partida agroturismo e espiritualidade poderiam ser conceitos difíceis de conciliar, a associação foi percebendo que a interligação de propostas era o caminho.
“Cuidar da terra e percebermo-nos integrantes nesta criação. Ao longo do ano isso percebe-se claramente. Vamos ligando este trabalho das estações do ano com o que podemos fazer na nossa vida: no inverno o que podemos cortar, cuidar e podar na nossa vida; na primavera plantamos uma horta e podemos tentar perceber o que podemos plantar na nossa vida; no verão podemos refletir sobre o que podemos colher na nossa vida".
Margarida Alvim sublinha o quanto a encíclica do papa Francisco «Laudato Si: sobre o cuidado da casa comum» veio “confirmar” o trabalho que acontece naquele espaço.
“O que aqui vivemos e experimentamos não se restringe à Casa Velha; trata-se de um modo de estar e viver”.
“Este agroturismo não tem uma piscina que tantas vezes marcam estes lugares mas tem uma história grande uma família por detrás e um espaço de natureza que leva a quem chega a um encontro com as próprias raízes”.
A aposta da Casa Velha no Turismo Sustentável para o Desenvolvimento vai ser desenvolvida no programa Ecclesia amanhã, na antena 1, pelas 6 horas.
LS