Diretor do Departamento de Liturgia do Patriarcado de Lisboa explica significado do ciclo que leva as comunidades católicas da Quinta-feira Santa ao Domingo de Páscoa
Lisboa, 16 abr 2025 (Ecclesia) – O padre Pedro Lourenço, diretor do Departamento de Liturgia do Patriarcado de Lisboa, apresentou as celebrações que compõem o Tríduo Pascal como o ciclo central do calendário católico, de Quinta-feira Santa ao Domingo de Páscoa.
“A Páscoa é o centro da missão de Jesus, é o culminar da sua missão salvífica. E a celebração disso mesmo é também o centro de tudo aquilo que podemos celebrar ao longo do ano litúrgico na Igreja”, afirmou o responsável, em entrevista ao Programa ECCLESIA, transmitido hoje na RTP2.
Segundo o sacerdote, tudo se direciona para a Páscoa e “por isso é o coração da vida litúrgica”.
“Tudo para ela se orienta, tudo dela depende”, frisou.
O padre Pedro Lourenço explicou que o Tríduo Pascal são os “três dias nos quais a Igreja, de modo mais detalhado, celebra cada um dos momentos que constituem a obra de salvação realizada por Jesus na sua Páscoa”.
“O primeiro é sobre a paixão e morte de Jesus. O segundo, a sua descida à morada dos mortos, o seu repouso no sepulcro. O terceiro, a sua ressurreição”, indicou.
O primeiro dia deste ciclo é a Sexta-feira Santa que, segundo o sacerdote, se começa a celebrar ainda na tarde do dia anterior, simbolizando a entrega de Jesus por todos, a sua paixão e morte.
“Então, e porque é que começa na quinta? Segundo a tradição litúrgica, que já vem da tradição judaica, os dias importantes começam a celebrar-se no entardecer do dia anterior”, explicou.
O sacerdote apontou que a Missa da Ceia do Senhor com que se inaugura o Tríduo Pascal e a celebração da Paixão e Morte do Senhor na Sexta-feira Santa “são dois momentos de uma única realidade”, isto é, a entrega de Jesus para salvar todos.
“Antes de consumar esta entrega, morrendo na cruz, Jesus entregou-se nos sinais do pão e do vinho, quando disse, isto é o meu corpo, entregue por vós, este é o cálice do meu sangue que será derramado por vós, fazei isto em memória de mim”, declarou.

O diretor do Departamento de Liturgia do Patriarcado de Lisboa destacou também a celebração do Lava-Pés, na Quinta-feira Santa, que é “uma ilustração daquilo que “se concretiza sacramentalmente na Eucaristia”.
“O Lava-Pés conduz para aquilo que Jesus faz realmente, que é servir, dando a vida. E isso está centrado no sacramento da Eucaristia”, referiu.
O sábado corresponde ao segundo dia do Tríduo Pascal e decorre sem celebração da Missa.
“Até se diz na tradição [que é] um dia alitúrgico, porque não tem celebração da Eucaristia. Não é completamente correta esta expressão, porque efetivamente existe a celebração da liturgia das horas. E é o único elemento litúrgico do Sábado Santo”, esclareceu.
Segundo o especialista, este é “um dia quase vazio, mas não vazio”: “Um dia para nos centrarmos, contemplarmos o repouso do Senhor no sepulcro, na expectativa, na esperança da sua ressurreição”.
“Como diz uma antífona desse dia, o meu corpo descansará na esperança. É também o dia em que contemplamos a descida de Jesus à morada dos mortos, a fim de os libertar e de os trazer para a vida”, realçou.

Por fim, o Domingo de Páscoa, que se inicia com a Vigília, é “a celebração mais importante da vida cristã”.
“Na origem, esta era a única celebração da Páscoa”, contextualizou o entrevistado, descrevendo que esta é uma celebração que “começa pela escuridão, que evoca a morte, e na escuridão brilha a luz de Cristo ressuscitado, simbolizada na bênção do fogo e no círio pascal que se acende”.
“Depois, contempla-se na liturgia da palavra toda a história da salvação, a começar pela obra da criação e a culminar na nova criação, que é a Páscoa de Cristo. E toda a liturgia da palavra culminará, a certa altura, com o canto do Aleluia”, que “não se canta” na Quaresma, para ter um impacto “especial nesta noite e a partir nesta noite”, indicou o padre Pedro Lourenço.
Para além da importância da noite para aqueles que vão ser batizados, esta tem também um significado “especial” para todos os cristãos, “renovarem a sua condição batismal, unindo-se assim a Cristo morto e ressuscitado”, ressaltou.
O diretor do Departamento de Liturgia do Patriarcado de Lisboa dá conta que “é uma Vigília, de facto, longa, não tão longa como noutros tempos da história, nem tão longa para a maioria dos cristãos como para alguns grupos específicos que celebram de facto a liturgia de modo prolongado”.
“Esta alegria da ressurreição experimentada na Vigília de Pascal prolonga-se depois ao longo do Domingo de Páscoa, com a Missa do Dia de Páscoa, e mais ainda, ao longo da semana que se chama a Oitava da Páscoa, que vai do Domingo de Páscoa até ao Segundo Domingo de Páscoa”, concluiu.
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