Lisboa, 04 abr 2012 (Ecclesia) – Na tela da Semana Santa, os últimos episódios de Jesus Cristo recebem cromas e tonalidades distintos: O roxo dá lugar ao branco, as sombras transformam-se em luz pascal e da espartana dor brota uma alegria monolítica.
Em Portugal, de norte a sul, a caminhada tem traços comuns, mas as populações dão-lhe panejamentos diversos nos dias do Tríduo Pascal: Vias-Sacras e autos da Paixão, as procissões do Senhor no sepulcro, as “Endoenças” e outras manifestações arrastam multidões.
Em plena Semana Santa, a Agência ECCLESIA lança algumas propostas que marcam a caminhada cristológica neste ciclo e que são vividas com intensidade.
Em Braga, o calendário é preenchido com diversas iniciativas que vão do cultural ao litúrgico e as celebrações ultrapassam as fronteiras da Igreja e circulam no pátio dos gentios.
Esta quarta-feira, na ‘Roma portuguesa’, o cortejo bíblico ‘Vós sereis o meu povo’ – também conhecido como Procissão de Nossa Senhora da ‘Burrinha’ – percorre algumas artérias da cidade.
Organizado, desde 1998, pela paróquia e pela junta de freguesia de S. Victor, este “eloquente cortejo apresenta a pré-história do Mistério Pascal de Jesus que a Igreja celebra nos dias seguintes”, indica o site das celebrações da Semana Santa de Braga.
As procissões dolorosas com o estigmatizado também dominam o universo do Tríduo Pascal em Ovar (Diocese do Porto).
Em Quinta-feira Santa, a procissão do ‘Ecce Homo’ (Terro-Terro) leva muitos cristãos às ruas de Ovar; a dor acentua-se com a Via-Sacra e a procissão do Enterro do Senhor na Sexta-feira Santa.
Os mistérios da Páscoa iluminam a fé do povo de Idanha-a-Nova (Diocese de Portalegre-Castelo Branco), situada na faixa raiana do Distrito de Castelo Branco, e são de uma “riqueza extraordinária nas manifestações de piedade popular que, pensamos nós, não existem noutras regiões de Portugal”, afirmou à ECCLESIA o autor do livro “Mistérios da Semana Santa em Idanha”, recentemente lançado.
A sua matriz medieval ajuda nas celebrações preparatórias da Páscoa: evocando a Paixão e a morte de Cristo, a Semana Santa atrai à vila de Óbidos (Diocese de Lisboa) muitas pessoas, unidas pela devoção ou, simplesmente, por curiosidade cultural e turismo religioso.
Para além das celebrações religiosas, a localidade oferece acordes envolventes que ajudam a viver melhor o Tríduo Pascal.
Na Sexta-feira Santa decorre a Via-Sacra pelas ruas medievais, mas pelas 21h30 tem lugar a procissão do Enterro do Senhor – caminho de Jesus para o Calvário – que percorre algumas ruas tortuosas, dentro e fora das muralhas, culminando na Igreja da Misericórdia, onde se costuma encontrar armado um Calvário.
Nalgumas localidades algarvias (Silves, Tavira e Faro) a celebração da Paixão e Morte do Senhor é precedida da Procissão do Enterro, também conhecida como Procissão do Senhor Morto, durante a qual predomina o silêncio e a luz das tochas e das velas, que os fiéis transportam.
O Senhor segue, “ou num pequeno tombinho, ou numa imagem que o representa acabado de descer da cruz”. Este ato religioso foi estabelecido, em Portugal, nos séculos XV e XVI, passando a integrar as celebrações tradicionais da Semana Santa.
A partir de Quinta-feira Santa e até Domingo de Páscoa, o chão das capelas e igrejas do Sardoal (Diocese de Portalegre-Castelo Branco) vai estar enfeitado com tapetes feitos à base de pétalas de flores e verduras naturais, sendo completados com acessórios e artefactos alusivos à Semana Santa e Páscoa.
LFS