Três mulheres recebem Nobel da Paz 2011

Mudança pacífica na Libéria e «primavera árabe» recebem impulso internacional. Vaticano saúda escolha do Comité

Oslo, 07 out 2011 (Ecclesia) – As liberianas Ellen Johnson Sirleaf e Leymah Gbowee e a iemenita Tawakkul Karman foram hoje distinguidas com o Nobel da Paz 2011.

O Comité Nobel Norueguês distinguiu as três mulheres “pela luta pacífica em defesa da segurança das mulheres e dos direitos das mulheres na participação total no trabalho de construção da paz”.

Ellen Johnson-Sirleaf, economista, é a atual presidente da Libéria – primeira mulher a ter sido eleita democraticamente num país africano, em 2006 – e Leymah Gbowee é uma ativista com destacada participação no movimento “Women of Liberia Mass Action for Peace’ [Ação em massa das mulheres da Libéria pela paz], durante a segunda guerra civil liberiana (1989-2003).

Para a agência católica Misna, especializada em assuntos africanos, Sirleaf é vista como o “símbolo de uma nova África”, por ter conseguido colocar a Libéria no “caminho da paz, da reconciliação e da democracia”, após décadas de conflito armado.

Já Tawakkul Karman, jornalista do Iémen, é um dos rostos mais conhecidos da oposição ao regime do presidente Ali Abdallah Saleh. 

“Não podemos chegar à democracia e à paz duradoura no mundo a não ser que as mulheres tenham as mesmas oportunidades que os homens para influenciar os desenvolvimentos a todos os níveis da sociedade”, disse o líder do Comité para o Nobel da Paz, Thorbjoern Jagland.

Tawakkul Karman disse-se “feliz e surpreendida” por ter sido distinguida e dedicou o prémio à “primavera árabe”.

Karman é a primeira mulher árabe a ser distinguida com um Nobel da Paz nos 110 anos de existência do prémio, até agora entregue a 12 mulheres, a última das quais a ambientalista queniana Wangari Muta Maathai, falecida a 25 de setembro.

Segundo a agência católica AsiaNews, a jornalista e ativista iemenita distingue-se das “manifestações antigovernamentais” por promover a “não-violência”.

O Vaticano saudou a escolha, através do presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz (CPJP), que a considerou “muito nobre e encorajante para as mulheres”.

O cardeal ganês Peter Turkson destacou, em particular, a “liderança” e “iniciativa, a nível político”, da presidente da Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf.

Sobre Leymah Gbowee, o presidente do CPJP sublinhou o trabalho na “reabilitação das mulheres” abusadas durante a guerra.

“Estou satisfeito por o mundo apreciar estas iniciativas e ter querido premiá-las de forma tão clamorosa”, disse à Rádio Vaticano.

D. Peter Turkson manifestou também o seu apoio a Tawakkul Karman “por tudo o que fez”.

“Aprecio, portanto, que a comunidade internacional reconheça as iniciativas destas mulheres”, concluiu.

Os responsáveis pela atribuição do Nobel da Paz deste ano tinham em mãos candidaturas de 241 organizações e pessoas para o prémio, uma lista recorde.

Em 2010, o prémio foi entregue ao chinês Liu Xiaobo, que ainda se encontra na prisão.

OC

Notícia atualizada às 16h11

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top