Trento: Reforma com marca portuguesa

Antigo arcebispo de Braga, Frei Bartolomeu dos Mártires, foi determinante para «revolução enorme» na Igreja, há 450 anos

Braga, 07 nov 2013 (Ecclesia) – O cónego José Paulo Abreu, presidente da Comissão Organizadora do Congresso sobre Trento, disse hoje que o Concílio foi uma “revolução enorme na Igreja”, marcada pela presença de D. Frei Bartolomeu dos Mártires que pediu uma “reverendíssima reforma”.

“Quando lemos as petições ao Concílio de D. Frei Bartolomeu dos Mártires, percebemos que muito do que foi determinado em Trento estava já escrito pelo punho do antigo arcebispo de Braga”, afirmou à Agência ECCLESIA no Congresso “Concílio de Trento – Restaurar ou Inovar” que decorre em Braga até sexta-feira.

O presidente da Comissão Organizadora do Congresso recordou a frase reportada pelo biógrafo de D. Frei Bartolomeu dos Mártires, Frei Luís de Sousa, relativa à participação do antigo arcebispo de Braga nos trabalhos conciliares onde afirmou: «Ilustríssimos e reverendíssimos cardeais saibam vossas eminências que precisam todos duma ilustríssima e reverendíssima reforma».

“Esta foi sempre a postura dele, a que teve em Roma e a que implementou na diocese de Braga”, disse o cónego José Paulo Abreu, comprovando a “atualidade” das reformas propostas por D. Frei Bartolomeu dos Mártires no facto de ter sido escolhido como oferta para os padres conciliares do Concílio Vaticano II o livro “Estímulo de Pastores”, escrito pelo arcebispo dominicano 400 anos antes, no Concílio de Trento.

“É curioso que o Stimulus Pastorum, um livro de D. Frei Bartolomeu dos Mártires, foi oferecido como prenda aos padres que participaram no Concílio Vaticano II. Isto diz bem da atualidade desse escrito, quatro séculos volvidos”, referiu o sacerdote de Braga, professor na Faculdade de Teologia.

As reformas introduzidas pelo Concílio de Trento foram implementadas por D. Frei Bartolomeu dos Mártires, “o primeiro arcebispo a fazer a visita pastoral à diocese inteira”, que na altura incluía Vila Real, Bragança e Viana do Castelo, e a criar o seminário de acordo com as determinações conciliares, refere o cónego José Paulo Abreu.

Para poder celebrar missa durante as visitas pastorais, D. Frei Bartolomeu dos Mártires tinha um “altar portátil”, em exposição nestes dias do congresso no Museu Pio XII, em Braga.

Para o Cónego José Paulo Abreu, “Trento foi uma revolução enorme na Igreja”, um “grande rejuvenescimento” a “nível doutrinal e disciplinar”, transformando o “absentismo pastoral” de párocos e bispos que resultava da “acumulação de benefícios”, em verdadeiros “curas das almas”.

“Quando ouvimos hoje o Papa Francisco dizer que não quer bispos de aeroporto está a dizer a mesma coisa”, referiu o presidente da Comissão Organizadora do Congresso sobre Trento.

No contexto do Congresso “Concílio de Trento – Restaurar ou Inovar”, a Arquidiocese de Braga expôs no interior do Santuário do Bom Jesus, em Braga, a tela de D. Frei Bartolomeu dos Mártires que esteve na Basílica de S. Pedro, em Roma, durante a celebração da beatificação, em 2001.

PR

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