Secretário geral da COMECE acredita que o bem comum vai ultrapassar os interesses nacionais “Nenhum país pode resolver sozinho os problemas que a população europeia enfrenta”. Problemas de desemprego e consequente criação de emprego, a imigração legal e ilegal, as alterações climáticas, a energia, o desenvolvimento nos países sub desenvolvidos, os direitos humanos, são exemplos que afectam localmente as populações. Por isso, “nenhum país separadamente pode enfrentar estes desafios sozinho. A única forma de sobreviver e de tornar a Europa num actor participante, a um nível mundial é se as instituições forem eficazes e fortes. É este o propósito do Tratado”, explica D. Noel Treanor, secretário geral da COMECE – Comissão dos Episcopados Católicos da UE – à Agência ECCLESIA. Por isso mesmo, D. Noel Treanor assegura estar confiante que até ao final da Presidência portuguesa da UE, “se chegará ao Tratado de Lisboa”. O trabalho dos especialistas foi concluído. A proposta do Tratado foi ontem, dia 5, divulgada. Nos dias 18 e 19, haverá uma reunião inter governamental. “Agora os governos terão de tomar uma decisão sobre o trabalho desenvolvido”, explica com a certeza de que há uma necessidade “urgente de reformar os tratados para que esta alargada família de nações possa funcionar de forma mais eficaz”. Simplificar e reforçar são as palavras sublinhas, que as instituições europeias precisam: a Comissão, o Parlamento, o Conselho. A partir daqui, “os cidadãos poderão compreender quem faz o quê, como se tomam determinadas decisões, como funcionam os procedimentos e também, compreender como os interesses dos próprios cidadãos e dos Estados se podem conciliar, cooperar e funcionar eficazmente”. O secretário geral da COMECE refere um paradoxo actual na Europa. “Durante muito tempo a Europa trouxe resultados notáveis: deu-nos paz durante 50 anos, transferência de riqueza de países ricos para pobres, desenvolver infra estruturas de muitos países membros, criou emprego, segurança e introduziu um novo método de fazer política – igualdade entre os grandes e os pequenos”. Por outro lado, porque muitos cidadãos não conseguiram seguir o desenvolvimento da UE ou porque este não foi explicado adequadamente pelos políticos, “muitas pessoas desconfiam da UE”, factores que segundo o próprio podem ser trabalhados. “Desenvolver a confiança nos nossos cidadãos”, porque também quando os tratados fundadores foram assinados reinava a desconfiança. “Discussões muito difíceis precederam a assinatura”, acrescenta.. O processo de ratificação do Tratado ou por aprovação dos parlamentos ou por referendo precisa de “informação e discussão, mas acima de tudo, esclarecimentos”. E acrescenta que “fazer perceber que os 27 Estados estão envolvidos num futuro que querem partilhar”. Os futuros nacionais serão “mais ricos se houver cooperação eficaz, e para isso precisamos das instituições”, afirma salientando que é preciso “relembrar a sua importância. Ninguém nega a divergência em importantes questões. Mas elas resolvem-se não com guerra, mas com diálogo”. Presente na reunião da CCEE que amanhã termina em Fátima, D. Noel Treanor afirma que assegurar o diálogo é um desafio para crentes e não crentes, independente da sua fé, pois “todas as fés partilham valores universais. São estes valores comuns a todos que precisamos de reflectir e de os enquadrar na política económica, social e cultural”. Bruxelas também está confiante Ontem, dia 5, o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, saudou o «resultado positivo» do grupo técnico que preparou o texto do novo tratado da União Europeia. A proposta de tratado “traduz para forma legal o acordo político atingido em Junho, sendo uma solução equilibrada que mostra que houve progresso numa série de questões importantes”, considerou num comunicado emitido a partir de Bruxelas, onde salientou que os objectivos traçados pela Comissão foram atingidos. Durão Barroso disse ainda acreditar ser possível um acordo político na Conselho informal de Lisboa, nos próximos dias 18 e 19, pondo assim fim a uma crise que dura já há dois anos, depois do «chumbo» da Constituição Europeia pelos eleitores franceses e holandeses, em referendo. A presidência portuguesa do Conselho Europeu disponibilizou ontem, dia 5, na Internet o projecto do Tratado Reformador da União Europeia, a debater pelos 27 na Cimeira informal Chefes de Estado e de Governo, dias 18 e 19, em Lisboa. O texto disponível por enquanto em inglês e francês, será disponibilizado nas 23 línguas oficiais da UE e pode ser consultado no endereço do Conselho da UE (http://www.consilium.europa.eu/cms3_fo/showPage.asp?id=1317&lang=pt&mode=g)