Tratado de Lisboa: «há um divórcio entre politicos e sociedade»

D. Amândio Tomás aponta falta de informação e interesse no projecto europeu A Assembleia da República aprova esta Quarta-feira o Tratado de Lisboa. Depois da possibilidade de Portugal fazer um referendo, o Governo optou pela ratificação parlamentar, que com os votos favoráveis do PS, PSD e CDS-PP será, esta tarde, aprovado. D. Amândio Tomás, delegado da Conferência Episcopal Portuguesa junto da COMECE – Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia – dá conta à Agência ECCLESIA do “divórcio entre a vida política e os governantes e as pessoas, resultado de uma informação deficitária”. No entanto, esta realidade não é exclusiva de Portugal, mas comum a outros países, “uma situação talvez mais recorrente entre os países que entraram há mais tempo na UE”. Para este divórcio pesa o facto de o Tratado “muito grande, ninguém o lê”, mas também a falta de informação. “Fez-se muito pouco para dar a conhecer o Tratado de Lisboa às pessoas”, aponta D. Amândio Tomás. “As pessoas olham para a Europa como entidade que dá subsídios, mas vivem à margem do que se decide e realiza em Bruxelas”. Este quadro é traçado num contexto em que a Europa “é cada vez mais determinante na política dos países”. O delegado da CEP assume que a ratificação na Assembleia da República “pode ser a via mais fácil”. “O importante e urgente” seria ter o conhecimento que presidiu ao projecto europeu, informação que “está muito distante do cidadão comum”, aponta. Segundo o também Bispo coadjutor de Vila Real faltou suscitar debate. “As pessoas desacreditam na política e nos políticos”, acrescenta. “Precisamos que a informação forme”. D. Amândio Tomás afirma que seria importante que as pessoas tomassem consciência do que presidiu ao nascimento do projecto europeu. Na sua origem está a Declaração Schuman, datada de 9 de Maio de 1950, que pretendeu criar uma “nova era de paz, de perdão mútuo e cooperação entre os povos europeus com vista a um progresso económico”. A Europa nasceu das “ruínas e das feridas da 2ª Guerra Mundial”. Os governantes, “na sua maioria cristãos pretenderam acabar com o espírito de supremacia e domínio para criar uma época de paz e reconciliação”, aponta o Bispo. “A Europa por isso, deve manter-se aberta ao mundo, nunca fechada em si própria”. D. Amândio Tomás enaltece a Cimeira Europa – África, que Portugal acolheu em Dezembro último. “Uma forma de a Europa se abrir ao mundo, mas assumindo-se como uma Europa de valores cristãos”, caso contrário a “Europa desagrega-se”. O Bispo coadjutor de Vila Real afirma que o objectivo do projecto europeu visa afirmar a liberdade e a auto determinação dos cidadãos e dos países. “A adesão era livre e consciente”. Actualmente, “falta essa informação de adesão a um projecto que é de todos e pede participação”. Recorde-se que o novo Tratado de Lisboa, assinado na capital portuguesa a 13 de Dezembro de 2007, visa facilitar o funcionamento das instituições da UE a 27. O Novo Tratado substitui o projecto de Tratado Constitucional, rejeitado em 2005 em referendos em França e na Holanda, e tem de ser ratificado por todos os Estados membros para que possa entrar em vigor.

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Agência ECCLESIA

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