O tráfico de seres humanos é uma realidade dramática que existe e precisa ser dada a conhecer. Este é a melhor forma o combater e de proteger as vítimas de um crime que, actualmente, está equiparado ao tráfico de armas e de droga. Esta confirmação é dada pelo Pe. Manuel Barbosa, presidente da Conferência dos Institutos Religiosos Portugueses, que recentemente organizou uma formação, assinalando o Dia Europeu contra o Tráfico de Seres Humanos. Com o objectivo de encontrar linhas de acção em rede para mudar as mentalidades da sociedade portuguesa, os institutos religiosos e muitos outros que trabalham na salvaguarda dos direitos humanos estiveram presentes na Universidade Lusófona. A Irmã Júlia Bacelar, da Congregação das Irmãs Adoradoras, integra a Comissão de Apoio às Vítimas de Tráfico de Pessoas e é da opinião que “há uns anos atrás falava-se muito na comunicação social deste problema”. Menos noticiado, ele não deixou de existir. “Acreditamos que o problema aumentou, apesar de termos menos mulheres a vir para as nossas casas, o tráfico está mais camuflado e sofisticado nos meios utilizados pelas redes”. São estes os relatos contados por quem lida de perto com as vítimas que testemunham situações dramáticas. Paulo Mendes Pinto, director do Departamento de Ciências da Religiões da Lusófona, afirma que este é um problema que “esbarra nos direitos fundamentais da dignidade da pessoas humana. Não temos a ilusão que esta acção vai desencadear uma transformação no mundo, mas é uma pedra e é com pequenas acções semelhantes que vamos construindo uma luta séria contra estes problemas”. O Director lamenta que os media apenas veiculem informações de agenda e “de modas”, daí que o problema do tráfico de seres humanos seja menos mediatizado. “Ele existe, e em grande escala, mesmo que a nível policial a situação esteja controlada”. Maria Beatriz Barroso, assistente Social da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, explica que esta é uma realidade que existe e “é muito difícil de penetrar e perceber, pois tem meandros muito complexos”. O tráfico de seres humanos “precisa ser posto a descoberto, salvaguardando as vítimas, normalmente mulheres, mas onde existem também crianças”. No Dia Europeu contra o Tráfico de Seres Humanos, o governo português lançou uma campanha nacional em todos os meios de comunicação social. «Desperte para esta realidade» e «Denuncie» são os lemas fundamentais da campanha que pretende dar visibilidade ao fenómeno chamando a atenção de todos os cidadãos para a importância da denúncia de uma situação a que Portugal não é alheio.