Tradições de Páscoa

Por todo o país, na Páscoa vivem-se tradições ancestrais. Tradições de Páscoa Por todo o país, na Páscoa vivem-se tradições ancestrais. Uma delas é a visita pascal, onde o sacerdote leva a cruz florida, “sinal de Cristo morto e ressuscitado”, às famílias. Para os lados da Serra da Estrela, mais concretamente em Gouveia, “os cristãos vivem esta tradição como uma festa” – disse à Agência ECCLESIA o Pe. Vítor Cecílio, missionário de S. João Baptista, Durante o Domingo de Páscoa, na segunda-feira seguinte e no II Domingo de Páscoa, o sacerdote, na companhia do sacristão ou acólitos, visita os cristãos e dá-lhes a saudação da pascal: “A paz de Cristo Ressuscitado esteja convosco e habite nesta família”. Em troca “recebemos o chamado «folar», que é um envelope com uma pequena lembrança”. Momentos de alegrias que não se confundem “com procissões”. No fundo “recebem-nos como quem recebe um amigo em casa” – adiantou o Pe. Vítor Cecílio. Em S. Torcato, Guimarães, a visita pascal realiza-se no próprio Domingo de Páscoa: “começa às 8 da manhã e termina por volta das cinco da tarde, num ponto central da localidade” – disse à Agência ECCLESIA o Pe. João Araújo, pároco de S. Torcato. Como é feita num dia, “andamos 7 grupos a anunciar a Ressurreição” para depois “fazermos a procissão pascal com a comunidade” e terminar “com a celebração da Ressurreição”. Sete grupos presididos “pelo mordomo”, sendo um deles o pároco, os outros “são leigos” – sublinhou o Pe. João Araújo. No momento da espera, as pessoas podem “estar no largo ou à porta”. As pessoas que querem receber a visita “de Cristo esperam-nos, não andamos a bater de porta em porta” – avança o Pe. Vítor Cecílio. Mas em S. Torcato as famílias “esperam em casa” onde o chefe da mesma “fica do lado direito”. É um “convívio Pascal” – disse. “Na minha zona natalícia, Manteigas, há pessoas que vêm de Lisboa para viver este momento” – salienta o missionário de S. João Baptista. Por sua vez, o Pe. João Araújo refere que os “nossos grupos procuram anunciar a Ressurreição” e tirar a ideia das pessoas “que nós vamos lá para comer ou pedir dinheiro”. E adianta: “por isso as nossas palavras são sempre «Aleluia, Aleluia»”. A pessoa que leva a cruz, “que este ano será florida com Orquídeas, dá-a a beijar a toda a família” e “entregamos uma pagela”. Como o tempo apaga muitas tradições o Pe. Vítor Cecílio afirma que, num futuro próximo, “há o perigo de perdermos estes costumes”. E aponta as razões: “a falta de sacerdotes”. Mais a norte, em S. Torcato, o pároco não é da mesma opinião e refere “que esta tradição está bastante arreigada nas pessoas”. Se nesta região do país a tradição da visita pascal está bem vincada, no Alentejo “não existe e passa à nossa margem” – refere o Pe. Manuel Marques, da diocese de Évora. Um cristianismo “especial” que na segunda feira de Páscoa leva as “pessoas para o campo para comer o borrego”. Uma festa pagã que poderá ter “umas origens cristãs ligadas com o borrego” – finalizou este padre alentejano.

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