Gabriel Esteves assume que os estudantes “têm de ser preparados” para entrar no mercado de trabalho
Aveiro, 30 abr 2021 (Ecclesia) – Gabriel Esteves, presidente nacional da Juventude Operária Católica, fala na “falta de dignidade dos jovens com o salário mínimo” e defende que a pertença ao movimento alerta para os direitos dos trabalhadores.
“Se formos pela palavra dignidade olhando o salário mínimo, hoje de 665 euros, um jovem com este ordenado que dignidade poderá ter? Poderia ter o gosto de ter uma família ou casa própria mas que dignidade terá?”, aponta o jovem em declarações à Agência ECCLESIA.
O responsável nacional da JOC destaca ainda que o tempo de pandemia veio “colocar a nu a realidade que já existia”, criou depois situações novas de desemprego e o teletrabalho “tornou mais fácil as horas extraordinárias” e “abusos cada vez maiores”.
Outro aspeto que Gabriel Esteves salienta é a realidade dos estágios e a precariedade do trabalho para os jovens.
“Os estágios é um padrão constante: poucos são os jovens que conheço que não tenham feito – eu próprio fiz estágio – e, por outro lado, poucos são os que conheço, com menos de 30 anos, que tenham um contrato efetivo e isso mostra muito de como é o trabalho dos jovens hoje”, refere.
O jovem engenheiro mecânico assumiu o cargo nacional na JOC há cerca de um ano, defende que o movimento tem de cativar os jovens “ainda estudantes” para que haja uma “preparação para o mundo do trabalho” e uma “partilha de vivências” com os mais velhos.
“Os jovens estudam até mais tarde e é importante começar a evangelizar os jovens para as questões do trabalho, ainda enquanto estudantes, porque quando passam para o mercado de trabalho já têm as ferramentas certas, agora a JOC tem alguns estudantes e quando começam a trabalhar sabem o que podem esperar e estão mais preparados para enfrentar o trabalho”, explica o jovem.
A pertença a este movimento, desde os 17 anos, deu ao responsável uma visão diferente do mercado do trabalho e acredita que a “JOC pode fazer muito”.
“De forma geral acho que se não fosse a JOC na minha vida não teria essa informação, não é algo natural os jovens conviverem com essa realidade; entendo que a JOC pode fazer muito e é importante os trabalhadores estarem conscientes que direitos podem usufruir, onde se podem defender e junto de quem podem, seja por exemplo os sindicatos”, conta.
Apesar de sentir que os “sindicatos perderam alguma força e não se dão a conhecer aos jovens”, Gabriel Esteves defende que os “jovens estão interessados em trabalhar e as empresas aproveitam-se disso”.
Gabriel Esteves, presidente nacional da Juventude Operária Católica, foi o convidado desta semana do programa ECCLESIA da Antena 1 da rádio pública, que fica depois disponível online.
A Igreja Católica celebra desde 1955 a festa litúrgica de São José Operário, como forma de associar-se à comemoração mundial do Dia do Trabalhador, uma decisão do Papa Pio XII.
SN