Bruno Bobone é o novo presidente da Associação Mundial de Empresários Cristãos, afirma a necessidade de aumentar a produtividade, diz que o fim das empresas é a felicidade das pessoas e rejeita a «ideia de medo» provocada pela pandemia
Lisboa, 09 out 2020 (Ecclesia) – Bruno Bobone tomou posse esta quarta-feira como presidente da Associação Mundial de Empresários Cristãos, afirma que a felicidade é o objetivo das empresas, defende modelos participativos e diz que o salário mínimo em Portugal não é um “salário digno”.
“Claro que não, claro que não! E, portanto, temos de trabalhar… Mas, atenção: só se pode falar no salário digno se também estivermos dispostos a falar na produtividade. Não se pode criar um salário digno se não aumentarmos a produtividade para que essa riqueza criada pela produtividade permita ser distribuída por quem contribuiu para criar esse aumento de riqueza de maneira a que passe a ter um salário mínimo”, afirmou o empresário na entrevista Renascença/Ecclesia desta semana.
Para Bruno Bobone, “a discussão sobre o salário mínimo não é um tema que seja razoável” porque não se deve “discutir o valor do salário mínimo como um objetivo para alguém conseguir”, mas é necessário “chegar ao salário digno”.
“O salário digno permite às pessoas ficar mais contentes, mais satisfeitas, mais felizes, é uma pessoa que produz mais. Portanto, volta a dar maior produtividade, dá uma contribuição maior à empresa. Isto é um círculo virtuoso ao contrário do círculo vicioso que temos vivido nos últimos anos”, afirmou.
Para o presidente à Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa, “ser empresário significa ser capaz de criar riqueza”, que só faz sentido se a a riqueza “tiver um fim bom”, ou seja, “ser distribuída por todos aqueles que participam na criação dessa riqueza”.
“O lucro não deve ser um objetivo, uma finalidade, deve ser uma ferramenta para beneficiar as pessoas. E isso é em toda a perspetiva da economia: a economia não deve ser vista como um objetivo, mas como um meio para melhorar a vida das pessoas”, afirmou.
Bruno Bobone consiera que a felicidade “é o único objetivo de vida” e as empresas “têm de se preocupar com a felicidade, não com o rendimento”.
Questionado sobre a pandemia e a gestão da crise social e económica atual, o presidente da Associação Mundial de Empresários Cristãos afirma que não se está a enfrentar a situação com a “coragem” necessária.
“Não podemos continuar a espalhar uma ideia de medo, não podemos continuar a criar pânico nas pessoas porque isso está a inibir muito a recuperação económica do país. A não convivência é um fator extraordinariamente negativo e é mais negativo porque está a ser promovido pelo medo e não pela razoabilidade”, sustentou.
Para Bruno Bobone, “a vida normal tem que ser promovida e é preciso ter coragem para o fazer”.
“Há muita gente que devia estar a trabalhar todos os dias, devia estar a viver todos os dias, o mundo está a prejudicar-se por uma razão que não existe. E o resultado é que vai haver muita fome, muita morte e muita desgraça por estarmos a tomar esta medida baseada no medo”, sublinha.
O presidente da UNIAPAC defente que “a vontade de todo o empresário é manter emprego e aumentar emprego”, afirma que é necessário “voltar à fraternidade”, que é necessário transformar a economia de mercado numa “economia social e mercado”, promover a participação e a confiança dos colaboradores nas empresas e do Estado nos privados.
A entrevista Renascença/Ecclesia é emitida na Renascença em cada sexta-feia entre as 13h00 e as 14h00 e publicada, também à sexta-feira, nas páginas de internet de cada da Renascença e da Agência ECCLESIA.
(Entrevista conduzida por Eunice Lourenço, da Renascença, e Paulo Rocha, da Agência ECCLESIA)
PR