Trabalho: Líder da UGT elogia Doutrina Social da Igreja

Aplicação de orientações cristãs exige hierarquia de valores e intervenção política

Lisboa, 07 fev 2012 (Ecclesia) – O líder da central sindical UGT considera que a importância do pensamento da Igreja sobre o mundo laboral ultrapassa as fronteiras do catolicismo e implica a defesa dos trabalhadores sindicalizados.

“É uma doutrina que pensa o mundo do trabalho, as condições de vida dos trabalhadores” e defende valores “que ultrapassam a dimensão da própria Igreja Católica”, afirmou João Proença ao programa 70X7 transmitido este domingo na RTP-2.

As declarações foram recolhidas à margem do encontro de atualização do clero das dioceses de Évora, Beja e Algarve realizado de 23 a 26 de janeiro em Beja, iniciativa que contou com a participação do empresário José Roquete, para quem os problemas económicos de Portugal não são “meramente financeiros”.

“O que está a acontecer é a consequência óbvia de uma crise de valores tremenda na qual a Europa é, infelizmente, campeã”, afirmou, acrescentando: “Como os valores se vão esbatendo, as lideranças vão afirmando-se por linhas que não têm nada a ver com os valores”.

[[v,d,2870,]]O teólogo espanhol Martín Carbajo Núñez observou que “o capitalismo orgulha-se de ter aumentado o capital económico mas esqueceu o capital social”, perspetiva que o seu compatriota Marciano Vidal, padre e professor universitário, completou: “O problema é que não temos uma economia para todas as pessoas, especialmente as mais frágeis”.

Um dos temas mais importantes da Doutrina Social da Igreja (DSI) é o lugar da atividade laboral na existência humana: “O trabalho não é um fator de produção subordinado mas é muito mais do que isso. E a dignidade da pessoa humana está acima de tudo”, salientou João Proença.

“O movimento sindical não respeita a Doutrina Social da Igreja se não defender aqueles que estão sindicalizados”, realçou o secretário-geral da segunda central sindical nacional, que elogiou a capacidade de “adaptação à mudança” dos trabalhadores portugueses.

Para o padre Hermínio Rico o pensamento social católico “está atualmente no cruzamento entre continuar a ser uma proposta viável e relevante para a sociedade e, simultaneamente, ser algo que precisa de maior promoção dentro da Igreja”.

“Os cristãos não simpatizam muito com a Doutrina Social da Igreja talvez porque a desconhecem”, observou o padre Marciano Vidal.

A aplicação da DSI exige a intervenção ao nível político, sublinhou o padre Hermínio Rico: “A política é uma exigência central da fé cristã porque vem do mandamento do amor ao próximo, dado que não chega só fazê-lo só na caridade no meu círculo”.

“Eu tenho de me preocupar com a forma como toda a sociedade está organizada, sobretudo para ajudar os que têm mais dificuldade. E só chego lá pela política”, frisou o sacerdote jesuíta.

70X7/RJM

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Agência ECCLESIA

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