«Os jovens do meio trabalhador e popular continuam a viver uma vida marcada por problemas gritantes» – Joaninha
Lisboa, 02 abr 2025 (Ecclesia) – A Juventude Operária Católica (JOC), afirma a presidente nacional entre 1990 e 1992, “continua” a ser necessária para formar militantes e dirigentes cristãos “comprometidos nas comunidades”, no centenário da fundação do movimento, e 90 anos de presença em Portugal.
“Queremos celebrar o centenário não por razões de nostalgia do passado, não porque no nosso tempo é que era…, mas porque um movimento como a JOC faz falta às juventudes, à nossa sociedade e às suas organizações e, faz falta à Igreja, ter no seu seio militantes comprometidos, capazes de dar voz aos que hoje são os excluídos do acesso aos direitos fundamentais”, escreve ‘Joaninha’, num artigo de opinião publicado na Agência ECCLESIA, neste Dia do Trabalhador, 1 de maio.
A antiga presidente da Juventude Operária Católica em Portugal, de 1990 a 1992, salienta que, hoje, os jovens do meio trabalhador e popular “continuam a viver uma vida marcada por problemas gritantes”, como o trabalho precário, “sem contrato, à tarefa”, os baixos salários, as “dificuldades de acesso a alojamento estudantil” e a falta de habitação acessível, o “ter que permanecer em casa dos pais até idades tardias”, mas também o “racismo, pobreza, exclusão no acesso aos bens culturais”.
“Acresce o peso de situações difíceis de compreender e de mudar, como as alterações climáticas, as crises migratórias, o receio da proximidade da guerra, com impactos na saúde mental de muitos. O facto de se adaptarem ao que a sociedade lhes impõe, não significa que não tenham aspirações e não queiram ser reconhecidos como cidadãos de pleno direito”, desenvolveu.
“Os desafios que estão hoje colocados à humanidade e particularmente às juventudes do presente, independentemente da região do mundo, só podem ser ultrapassados através da ação conjunta e da solidariedade.”
‘Joaninha’, que foi também coordenadora da JOC diocesana de Lisboa e dirigente livre de 1987 a 1990, explica que querem celebrar os 100 anos deste movimento para lembrar às instituições públicas, políticas e à Igreja Católica a atualidade do método de revisão de vida ‘VER, JULGAR, AGIR’, e afirmar que a JOC “continua a ser necessária para formar militantes e dirigentes cristãos comprometidos nas estruturas das comunidades”.
“Foi nos grupos de base (aprendizes, militantes ou iniciação) que através da Revisão de Vida começámos a tomar consciência da realidade, demos passos para definir o campo de ação do militante e do grupo, forjando o sentido crítico gerador da ação”, indica a militante de base do grupo do Cacém (Lisboa), observando que a dimensão nacional JOC, com encontros e semanas de estudo, consolidou “o sentimento de pertença a um movimento libertador pela emancipação dos jovens trabalhadores e do meio popular”.
No artigo de opinião ‘A JOC faz 100 anos’, recorda o “papel determinante”, deste movimento da Igreja Católica presente em Portugal há 90 anos, desde 1935, na “luta contra a ditadura antes do 25 de abril de 74” e na construção democrática.
“São muitas as gerações de militantes que foram e continuam a ser quadros com peso nas organizações sociais, nos sindicatos, nos partidos, nas associações locais e culturais, nas autarquias, nos movimentos cristãos”, salienta ‘Joaninha’
Por iniciativa do padre Joseph Cardijn e de jovens trabalhadores, a Juventude Operária Católica nasceu há 100 anos, em 1925, na Bélgica, onde decorrem as comemorações do centenário até dia 12 de maio.
A JOC Portugal tem sede em Lisboa, e está presente em quatro dioceses, Aveiro, Leiria-Fátima, Porto e Santarém.
CB/OC