Desafios éticos, afirmação de direitos e deveres diz respeito a todos numa celebração «transversal» à Igreja e à sociedade

Lisboa, 07 nov 2025 (Ecclesia) – Deolinda Machado, da Liga Operária Católica – Movimento de Trabalhadores Cristãos, disse que a convocação do Jubileu do Mundo do Trabalho ajuda a “colocar o foco” numa realidade que diz respeito a todos, dada a “transversalidade” do tema.
“Sendo uma área tão importante na vida do ser humano, que é transversal a todos, foi uma ideia feliz a celebração do jubileu de forma sectorial. Realçar o mundo do trabalho é dar-lhe foco, numa realidade que cabe a todos com responsabilidade, onde há direitos e deveres”, explica Deolinda Machado.
O Vaticano celebra o Jubileu do mundo do trabalho no dia 8, após o seu adiamento em maio, durante o conclave que elegeu o Papa Leão XIV.
O jubileu diocesanos do mundo do trabalho foi assinalado em outubro, num encontro que juntou na organização várias associações e grupos onde a necessidade de “formar consciências” com o denominador comum da “dignidade humana” foi sublinhado.
“Importa calçarmos o sapato do outro, cultivar a empatia com a outra pessoa. A dignidade não tem pátria, a dignidade é universal e nós queremos a dignidade no mundo do trabalho para todos, sem exceção”, indica.
Deolinda Machado reconhece a importância de “realinhar a esperança” no mundo laboral e indica-o como um “imperativo ético”.
“Temos o imperativo ético de reanimar essa esperança em cada pessoa, mesmo dentro das dificuldades e ajudar, obviamente, cada um contribuindo com aquilo que lhe compete, porque todos somos responsáveis por todos, na verdade”, reconhece.
A responsável admite a necessidade de formar “para entrar no mundo do trabalho” e para sair dele: “Quando se entra, entra-se sem saber, e era preciso também que se desse uma atenção melhor, quando as pessoas terminam o seu ciclo de trabalho, o que é que se tem para oferecer às pessoas quando saem desse ciclo para combater a inatividade e as depressões”.
“É necessário continuar a denunciar a ditadura de uma economia que mata. É inaceitável, que um trabalhador faça o seu horário de trabalho, cumpra com os seus deveres e, na verdade, continua a auferir um salário que o considera pobre”, lamenta.
Membro da LOC/MTC da diocese de Lisboa pede que quem legisle “saia da sua bolha”, para que seja o interesse da comunidade que prevaleça em detrimento do lucro.
“Oiçamos as pessoas, oiçamos os trabalhadores, oiçamos aqueles que estão e são considerados pobres, apesar de trabalharem, e então demos voz àqueles que neste momento não têm tido voz. E aí percebemos, seguramente, qual é o caminho que queremos traçar como organização, como país, como região e como mundo”, apresenta.
Deolinda Machado sublinha ainda a importância de valorizar o trabalho de cidadãos que chegam de outros países, sublinhando a disponibilidade para funções essenciais no mercado português.
“Os nossos trabalhadores migrantes são a salvação deste país. Ai de nós se não tivéssemos trabalhadores vindos da Guiné, de São Tomé, de Cabo Verde, do Brasil, da Ucrânia, da Rússia – pessoas disponíveis para uma ação direta no auxílio à terceira idade. São funções pesadas, de muita exigência psíquica e física com salários baixos que necessitam, ser valorizados”, sublinha.
A celebração do Jubileu do Mundo do Trabalho vai estar no centro da conversa com Deolinda Machado, emitida no programa ECCLESIA na Antena 1, sábado às 6h.
LS
