Trabalho: IV Encontro Mundial dos Movimentos Populares apresenta realidade dos precários com apelos a economia justa e à dignidade humana

Encontro decorreu online, sem presença do Papa, mas com «três T – Terra, Teto e Trabalho», muito presente

Lisboa, 10 jul 2021 (Ecclesia) – O IV Encontro Mundial dos Movimentos Populares, decorreu on-line esta sexta-feira, contou com apelos ao combate à cultura da indiferença, ao respeito pelo trabalho e à dignidade humana, num tempo de pandemia Covid-19.

“Os pobres não só sofrem a injustiça, mas também lutam contra a injustiça. E isso é fundamental para o Movimento Popular, que não só representa as pessoas que lutam contra as injustiças, mas também é o grupo que tenta estabelecer para quem sofre as injustiças à justa ordem socioeconómica”, afirmou o cardeal Peter Turkson, prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral durante o encontro.

O responsável pediu que a ecologia integral, “uma vida vivida em harmonia com a Criação” acompanhasse as mudanças, na procura pelo “bem-comum”.

Mais de 200 representantes de movimentos populares da América, Europa, Ásia e África, representando uma diversidade de trabalhadores humildes, marginalizados e excluídos de 54 países colocaram em evidência a realidade dos trabalhadores rurais sem-terra e trabalhadores sem teto e suas famílias, de bairros populares e favelas.

“Catadores de lixo, recicladores, vendedores ambulantes, estilistas, artesãos, pescadores, agricultores, construtores, mineiros, trabalhadores de empresas recuperadas, cooperativas de todos os tipos, trabalhadores de setores populares, trabalhadores cristãos pertencentes a diversos setores e profissões, trabalhadores provenientes de bairros e povoados” obrigaram a ter presente a realidade de homens e mulheres que lutam diariamente.

O cardeal Turkson pediu “uma mudança de coração”, impactada pelo “encontro com a dor de quem sofre a injustiça”, capaz de reconhecer “o rosto das pessoas frágeis e marginalizadas chamadas a reagir” e falou ainda da ação urgente para “colocar a economia a serviço da pessoa”, tornando-a mais “justa”.

O encontro serviu de preparação para uma reunião, a realizar em setembro, e quis olhar para a luta que os movimentos populares protagonizam e dar visibilidade às preocupações de quem se sente marginalizado.

O impacto da pandemia nos trabalhadores humildes e marginalizados foi o ponto de partida na partilha de testemunhos vindos do Brasil, Índia e Espanha.

Os três anteriores encontro0s, que contaram com a participação do Papa Francisco, em 2014, 2015 e 2016, colocaram ênfase na necessidade dos “três «T»: Terra, teto e trabalho” como critérios fundamentais para se alcançar justiça social.

O cardeal Turkson reconhece que os desafios “não podem ser enfrentados isoladamente” e pediu “solidariedade” para “um nível muito profundo nas relações entre as pessoas, promovendo a integração na sociedade”.

As tarefas, reconheceu o prefeito do Dicastérico “são históricas” se desenvolvidas para “superar as causas estruturais da pobreza e da injustiça”, mas alertou para a necessidade de agir com “coragem, inteligência e tenacidade e não com fanatismo e com violência”.

“Promovemos e aprofundamos o processo de mudança como resultado das ações das pessoas”, na defesa do “trabalho com dignidade, esforçando-se para a criação de empregos dignos por meio da inclusão e promovendo uma economia comunitária e social que proteja a vida das comunidades onde a solidariedade prevalece sobre o lucro”, pediu ainda.

“Lutamos contra a cultura da indiferença” e “ao mesmo tempo que perseguimos a nossa dignidade, também protegemos a dignidade dos outros”, concluiu o cardeal Turkson.

LS

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