Trabalho: Deus, dignidade e discernimento marcam 75 anos da Liga Operária Católica

Grupos de base unem espiritualidade cristã à sensibilização para problemas do mundo laboral

Lisboa, 25 nov 2011 (Ecclesia) – Deus, dignidade e discernimento são temas que atravessam a história dos 75 anos da Liga Operária Católica / Movimento dos Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC), segundo os testemunhos de antigos e atuais militantes.

Rosário Mendes recorda no programa ECCLESIA na Antena 1 que vai hoje para o ar, a partir das 22h45, que é do tempo em que os pais não a deixavam andar sozinha na rua, “e com o namorado muito menos”.

Na década de 60, tinha então 18 anos, ainda não estava empregada mas lembra-se que a Juventude Operária Católica, antecâmara da LOC/MTC, “se empenhava pela dignidade da pessoa, não só nas relações no trabalho mas também pelas condições de vida”.

Desde então a juventude intervém cada vez menos na sociedade: “Tínhamos muito mais a noção da responsabilidade da mudança das situações. Hoje os jovens não têm tanta participação cívica e talvez haja mais individualismo e comodismo”, afirma.

Na década de 70 conhece os grupos de base da Liga Operária Católica: “Trazíamos as nossas preocupações do trabalho para o grupo e este ajudava-nos a ver as situações à luz da doutrina social da Igreja e do evangelho. Era isso que eu precisava: não me deixar embarcar nas outras ideologias mas manter a minha posição enquanto católica”.

Foi também nos grupos de base do movimento que Glória Fonseca encontrou o que há muito procurava: “Para um cristão que quer mais, frequentar a paróquia ao fim de semana é pouco”.

“Conversamos, partilhamos a vida, as preocupações e as alegrias, e assim é mais fácil levar a vida”: os argumentos de uma amiga convenceram a profissional da área da saúde mental a entrar na LOC/MTC, como contou ao programa ECCLESIA na Antena 1 transmitido esta quarta-feira.

O grupo ofereceu a Glória Fonseca a descoberta de “um Deus bom, acolhedor, afável e um amigo de sempre”, imagens algo “contrárias à catequese que se fazia de um Deus por vezes castigador”.

A espiritualidade unida à sensibilização para os direitos laborais concretiza-se em ações concretas, como aconteceu com Rosário Mendes, que levou aos administradores da empresa onde estava empregada as necessidades das trabalhadoras: “Não somos só peças de uma máquina, temos uma vida cá fora, temos filhos”.

A partilha dos “problemas e anseios” das colegas foi “muito importante” para Rosário Mendes: “Enquanto me realizava no trabalho realizava-me como ser humano em comunhão com outros”.

Glória Fonseca relembra a expressão bíblica “há mais alegria no dar do que no receber” e salienta que no seu trabalho procura “estar ao lado de quem está mais desprotegido”: “Quando somos úteis, quando fazemos alguém sorrir, quando somos um ombro amigo, sentimo-nos satisfeitos”.

“Este movimento é uma escola para a vida”, declara, acrescentando que as reuniões de grupo contribuem para que os militantes sintam “a diferença” nas decisões pessoais e coletivas que têm de tomar.

A fidelidade às inquietações da LOC/MTC marca a vida de Rosário Mendes: “Tenho 66 anos, estou aposentada, e podia dizer ‘eles que se entendam’; mas não, preocupo-me constantemente e estou sempre atenta. A nossa formação também passa por aí”.

O programa ECCLESIA na Antena 1 transmite durante esta semana testemunhos de militantes da Liga Operária Católica.

PRE/RJM

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