Trabalho: Cristãos devem pagar ordenados justos

Há «insegurança» e «medo» na atividade laboral devido à precariedade, diz Liga Operária Católica

Lisboa, 23 jan 2012 (Ecclesia) – A Liga Operária Católica considera que os dirigentes partidários e gestores que se dizem cristãos deveriam pagar ordenados justos, de acordo com as orientações da Bíblia e dos documentos da Igreja sobre o trabalho.

“Num país e numa Europa com profundas raízes cristãs, com tantos políticos, economistas e empresários a assumir essa condição, deveriam ser mais consideradas as propostas e os desafios que vêm na Doutrina Social da Igreja e nos Evangelhos”, refere uma nota de imprensa enviada hoje à Agência ECCLESIA.

A Bíblia e os documentos da Igreja recordam que “a qualidade do trabalho e a sua justa remuneração são sinónimos da dignificação de quem o executa e fundamentais para um modelo de desenvolvimento social mais justo e equitativo na partilha das riquezas e mais solidário e fraterno nas relações humanas”, acrescenta o comunicado.

Os contratos sem regulação, horários inconstantes, diminuição de salários e facilitação dos despedimentos fazem com que “o local de trabalho seja visto por muitos como o local do suplício onde impera a insegurança e o medo”, sublinha o texto divulgado após reunião realizada este sábado, em Aveiro.

A equipa nacional da Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC) critica a atuação do Executivo de Pedro Passos Coelho: “Não é tolerável que num Estado democrático, promotor da liberdade e da equidade social, os seus governantes deixem crescer vergonhosamente as desigualdades sociais e financeiras”.

O organismo, que em 2011 assinalou 75 anos, reprova a estratégia que passa por “cortar direitos, salários e apoios sociais” sem apresentar medidas de combate à “fraude fiscal” ou cortar “nas despesas desnecessárias”.

Por outro lado, salienta a nota, há “milhares de homens e mulheres que trabalharam uma vida inteira” a receber “reformas tão baixas que fazem deles tão pobres que os obriga a mendigar nas instituições de solidariedade a sua sobrevivência”. 

Depois de lembrar que “o trabalho precário, o desemprego e as migrações” constituem as prioridades da LOC/MTC para este ano, o comunicado revela a realização de um encontro com a congénere espanhola, de 6 a 9 de fevereiro no Seminário de Almada (diocese de Setúbal), para discutir a “realidade social e laboral vivida nos dois países”.

Em março vão decorrer três encontros no norte, centro e sul de Portugal para procurar “propostas de mudança” relativas às prioridades da LOC/MTC, e em junho organiza-se um seminário europeu subordinado ao lema “Pelo Direito ao Trabalho Digno para Todos”.

A iniciativa vai debater a estratégia da União Europeia para 2020, assim como o envelhecimento ativo e solidário entre gerações, que constitui o tema do Ano Europeu de 2012.

RJM

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top