José Rodrigues deu os primeiros passos da militância cristã há mais de 50 anos
Lisboa, 24 nov 2011 (Ecclesia) – O vice-presidente da Liga Operária Católica que integra o movimento há mais de 50 anos, considera que “a consciência operária e de classe forja-se na luta, no compromisso e na defesa dos direitos dos trabalhadores”.
José Rodrigues, que começou a dar os primeiros passos da militância cristã na Juventude Operária Católica, recordou na emissão desta terça-feira do programa ECCLESIA na Antena 1 que a sua primeira memória remonta ao “grande encontro da juventude” realizado em Lisboa no ano de 1962, tinha então 12 anos.
“Nesse tempo era só ao nível dos movimentos juvenis à volta da Igreja que se podiam fazer ajuntamentos desses” porque tudo o resto “era vigiado” e “o controlo era apertado” por parte da polícia política, lembra o responsável da Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC).
[[a,d,2698,emissão (22-11-2011) ]]A Juventude Operária Católica, antecâmara da LOC/MTC, foi um espaço onde José Rodrigues “cresceu para a formação, para os valores, para o entendimento, para a consciência de ser jovem e para a importância do coletivo e da partilha”.
Foi no movimento juvenil que José Rodrigues começou a “perceber a importância da Igreja, da fé e dos valores”, e também foi lá que conheceu Rosário Mendes, com quem viria a casar e a ingressar na Liga Operária Católica.
O caminho “foi sempre feito numa atitude de compromisso”, evoca o responsável, que exerceu “a militância ativa não só na Igreja mas também no trabalho”, especialmente nos estaleiros navais da Lisnave, onde trabalhou 16 anos “com altos e baixos” e “dúvidas de fé”.
“Fiz aí uma caminhada política e sindical que me ajudou a perceber melhor o quanto era importante a defesa dos valores e a ser capaz de situar Jesus Cristo nos meus colegas, ouvindo-os e assumindo com eles as lutas, os fracassos e as vitórias”, realça.
A “data histórica” da revolução de 25 de abril de 1974 abriu novas perspetivas ao sindicalismo português: “Tornou-se possível, com liberdade maior, termos um grupo de reflexão e de confronto que possibilitou estarmos com os outros na luta que foi preciso travar”.
Aos 63 anos José Rodrigues diz que hoje “é difícil a renovação dos movimentos porque as gerações novas não estão disponíveis”, embora seja “importante existirem na Igreja e no mundo organizações como a LOC, que não são partidárias e estão disponíveis para estarem com todos e para todos”.
“Continuamos a ser ouvidos pelos sindicatos e pela Igreja” destaca o dirigente da LOC/MTC, organismo que em 2011 assinala 75 anos de vida.
A organização declarou a sua adesão à greve geral convocada pelas duas centrais sindicais para esta quinta-feira, como forma de manifestar a sua “solidariedade” com os trabalhadores que vivem “situações de fragilidade laborais e financeiras”.
O apoio à paralisação, refere a instituição, pretende contribuir para “inverter o rumo” que a “globalização económica e financeira desregulada tem imposto às democracias, no corte em direitos laborais, na proteção social e nos serviços públicos, empobrecendo cada vez mais quem vive do seu trabalho ou está excluído dele”.
O programa ECCLESIA na Antena 1 transmite esta semana testemunhos de militantes da Liga Operária Católica.
PRE/RJM