Papa assinalou solenidade, sublinhando importância das bem-aventuranças para viver a santidade
Foto: Lusa/EPACidade do Vaticano, 01 nov 2020 (Ecclesia) – O Papa assinalou hoje no Vaticano a solenidade litúrgica de Todos os Santos, convidando os católicos a “escutar, respeitar, não agredir” para travar a espiral de violência no mundo.
“Neste momento da vida mundial, onde há tanta agressividade – e também na vida de todos os dias, a primeira coisa que sai de nós é a agressão, a defesa -, temos necessidade da mansidão para avançar no caminho da santidade”, declarou, desde a janela do apartamento pontifício, antes da oração do ângelus.
Falando aos peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, Francisco sublinhou que, neste dia 1 de novembro, a Igreja convida a “refletir sobre a grande esperança, que se baseia na ressurreição de Cristo”.
O Papa apresentou as bem-aventuranças como “o caminho para a santidade”, destacando a importância de esperar a “consolação de Deus”, nas dificuldades, e da mansidão.
“Comprometer-se com a justiça e a paz significa ir contra a corrente, no que respeita à mentalidade deste mundo, à cultura da posse, da diversão sem sentido, da arrogância para com os mais fracos. Este caminho evangélico foi seguido pelos santos e os beatos”, declarou.
Francisco assinalou a “vocação universal à santidade”, apresentando Todos os Santos como “modelos seguros” para este caminho, que “cada um percorre de maneira única e irrepetível”.
“Cada um de nós pode fazê-lo, seguir este caminho. Mansidão, mansidão, por favor, e chegaremos à santidade”, acrescentou.
Após a oração, o Papa evocou a beatificação do padre Michael McGivney (1852-1890), fundador da associação católica dos Cavaleiros de Colombo, em Hartford (Connecticut), EUA.
“Que o seu exemplo nos estimule a todos para testemunhar, cada vez mais, o Evangelho da Caridade”, declarou, pedindo um aplauso para o novo beato.
A intervenção concluiu-se com uma mensagem para a comemoração litúrgica de todos os Fiéis Defuntos, esta segunda-feira, quando o Papa vai presidir à Missa de forma estritamente privada, no Cemitério ou Campo Santo Teutónico, localizado dentro da Cidade do Estado do Vaticano, a partir das 16h00 (menos uma em Lisboa).
“Uno-me assim espiritualmente a quantos, nestes dias, observando as normas sanitárias, que são importantes, vão rezar junto das sepulturas dos seus entes queridos, em todo o mundo”, explicou Francisco.
O Papa Francisco defende na exortação apostólica ‘Gaudete et Exsultate’ (Alegrai-vos e Exultai), divulgada em abril de 2018, uma vida cristã “austera e essencial”, centrada nas ‘Bem-aventuranças’ propostas por Jesus nos Evangelhos.
A terceira exortação apostólica do pontificado recorda as “inúmeras pessoas” que foram e são perseguidas “simplesmente por terem lutado pela justiça” e vivido os seus compromissos “com Deus e com os outros”.
“Numa sociedade alienada, enredada numa trama política, mediática, económica, cultural e mesmo religiosa que estorva o autêntico desenvolvimento humano e social, torna-se difícil viver as bem-aventuranças, podendo até a sua vivência ser mal vista, suspeita, ridicularizada”, admite Francisco.
O Papa convida os católicos a um “regresso” às palavras de Jesus, em particular às ‘Bem-aventuranças’, que apresenta como “bilhete de identidade do cristão”.
“Estas palavras de Jesus, não obstante possam até parecer poéticas, estão decididamente contracorrente ao que é habitual, àquilo que se faz na sociedade; e, embora esta mensagem de Jesus nos fascine, na realidade o mundo conduz-nos para outro estilo de vida”, realça.
A ‘Gaudete et Exsultate’ convida a chorar perante os sofrimentos da humanidade, em vez de os tentar esconder, sustentado que a vida “tem sentido socorrendo o outro na sua aflição, compreendendo a angústia alheia, aliviando os outros”.
OC