Todos os Santos: Celebração quer reconhecer «o bem que é feito de forma anónima» – Padre Ricardo Figueiredo

Projeto «Caminhos de Santidade», promovido pelo Patriarcado de Lisboa, apresenta biografias de santos que cruzaram o território, trazendo a santidade para o «quotidiano da vida», em gestos de «atenção, amor, caridade» que o «mundo precisa» 

Foto: Agência ECCLESIA/MC

Lisboa, 31 out 2025 (Ecclesia) – O padre Ricardo Figueiredo, autor de diversos livros biográficos sobre santos da Igreja católica, disse que celebrar a solenidade de todos os santos é o convite da Igreja para reconhecer “o bem que é feito de forma anónima”.

“Os santos surgem sempre como estas figuras que deixam o mundo melhor, que transformam o mundo para o deixar melhor, muitos de forma anónima, até. É por isso que temos uma festa de todos os santos”, explica à Agência ECCLESIA.

“A santidade que é viver o dia-a-dia e viver esta normalidade aplicada e mergulhada no fazer aquilo que é a vontade de Deus. Quando essa fé se vive na caridade, quando é na atenção aos pobres, quando é numa mãe ou um pai que se dedica à sua família, quando trabalhador que é dedicado no seu trabalho e que procura fazer tudo com todo o empenho, quando um padre é dedicado à sua paróquia e está verdadeiramente preocupado e aplica todas as suas energias naquilo que é a vida pastoral da paróquia, isto é o caminho de santidade”, acrescenta.

Autor de diversos livros biográficos sobre santos da Igreja católica, o padre Ricardo Figueiredo indica a necessidade de mostrar que os que hoje são reconhecidos como santos e passíveis de ser modelos de caminhos para os crentes, “são pessoas normais que fizeram o seu caminho”.

“É importante mostrar que eles não se fizeram santos de um momento para o outro. Ainda hoje persiste uma hagiografia que mostra uma santidade plastificada, longe da realidade e da vida das pessoas, mas o que percebemos é que os santos fizeram-se em processo e a sua vida interior também foi uma vida num processo autêntico, num processo real de transformação pessoal de aproximação a Deus”, assinala.

O sacerdote relembra uma resposta dada por um jovem que quando questionado se queria ser santo respondeu – «Não, porque os santos estão muito quietos, nos altares».

“É preciso aprofundar o que é a santidade, não apenas como aquela realidade final que nós vemos dos santos canonizados, mas perceber a santidade como o caminho normal daquilo que significa ser Igreja, porque o que a Igreja faz está em função disso e todos são chamados à santidade”, explica.

O patriarcado de Lisboa está a apresentar desde o dia 14 de outubro, com publicações diárias até ao dia 8 de novembro, uma pequena biografia de 28 pessoas que “nasceram, morreram ou viveram uma fase determinante da sua vida no Patriarcado de Lisboa, ou que tenham uma importância relevante para a diocese”.

«Caminhos de Santidade» é o projeto que procura responder ao desafio do Papa Francisco para que as comunidades conheçam melhor o percurso de pessoas reconhecidas como santas, veneráveis, servos de Deus ou beatos, a acontecer a cada 9 de novembro.

As biografias apresentadas são escritas pelo padre Ricardo Figueiredo, também diretor de comunicação do Patriarcado de Lisboa.

“O Papa Francisco quis que esta iniciativa, não fosse só para o ano de 2025 mas que a partir do ano jubilar se fizesse este caminho todos os anos. O grande objetivo que era também aqui nas ruas de Lisboa do patriarcado de Lisboa, se pudesse perceber que houve santos que as percorreram e que nós hoje somos chamados a percorrê-las. O grande sentido das procissões, que se fazem com os santos nos andores, quer fazer recordar que os santos saem à rua nesse dia para que todos os outros dias sejam nós, os santos, que continuam esta história”, apresenta.

O sacerdote sublinha a importância desta celebração ser uma festa alargada a todos, e num tempo em que, indica, “o bem deve ser mais forte”.

“Um gesto de amor, um gesto de ternura, um gesto de ajuda ao outro, tem uma consistência, tem um poder, tem uma força, e que o cristão sabe que tem uma força maior que o mal. Sabemos que o mal faz muito barulho. Sabemos que o mal mata pessoas, derrama muito sangue nas guerras, na violência, no ódio e que é isso que aparece nas notícias. Mas nós católicos, e na festa de todos os santos recordamos isto, é que o bem não faz barulho, mas é mais forte”, reconhece.

A celebração da solenidade de Todos os Santos e o projeto Caminhos de Santidade, partilhado pelo patriarcado de Lisboa nas redes sociais, vai estar no centro do programa ECCLESIA, emitido sábado, na Antena 1, pelas 06h00.

LS

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