Timor: Papa pede coragem no anúncio

Francisco recebeu visita «ad limina» da Conferência Episcopal timorense

Cidade do Vaticano, 17 mar 2014 (Ecclesia) – O Papa recebeu hoje os três bispos que compõem a Conferência Episcopal de Timor Leste, em visita “ad limina”, e desafiou-os a serem “consciência crítica da nação” e guardiões do “bem-comum”.

Num encontro com D. Basílio do Nascimento, bispo de Baucau, D. Alberto Ricardo da Silva, bispo de Díli, e D. Norberto do Amaral, bispo de Maliana, Francisco recordou o “nascimento” da nação Timor Leste, em 2002.

Nos últimos 12 anos, “não faltaram dolorosas surpresas de ajustamento nacional, com a Igreja a recordar as bases necessárias duma sociedade que pretenda ser digna do homem e do seu destino transcendente”, sublinhou o Papa argentino.

Francisco destacou a importância dos responsáveis católicos timorenses continuarem a fazer este trabalho, “mantendo a devida independência do poder político numa colaboração equidistante que lhe deixe a responsabilidade de cuidar e promover o bem comum da sociedade”.

“A Igreja pede apenas uma coisa no âmbito da sociedade: a liberdade de anunciar o Evangelho de modo integral, mesmo quando vai contra corrente defendendo valores que ela recebeu e a que deve permanecer fiel”, apontou o Papa, pedindo aos bispos timorenses que “não tenham medo” de continuar a contribuir “para bem da sociedade inteira”.

Um dos principais desafios que a Igreja Católica de Timor Leste está a enfrentar é a criação de estruturas e a reunião de recursos humanos que permitam reforçar a formação católica das comunidades, ainda pouco consolidada.

Sobre a questão da evangelização, o Papa Francisco referiu que os seus agentes “devem ser capazes de aquecer o coração das pessoas, de caminhar na noite com elas, de dialogar com as suas ilusões e desilusões, de recompor as suas desintegrações”.

“Sem diminuir o valor do ideal evangélico, é preciso acompanhar, com misericórdia e paciência, as etapas possíveis de crescimento das pessoas, que se vão construindo dia após dia”, acrescentou.

O Papa abordou ainda a questão da formação de sacerdotes, outra necessidade identificada pela Conferência Episcopal de Timor Leste.

Francisco assinalou a necessidade de “fazer crescer” uma “rede de solidariedade” com Igrejas locais, que permita “o envio de seminaristas maiores para fazerem seus estudos em universidades eclesiásticas ou – talvez com maior proveito – sacerdotes para as especializações mais necessárias aos diversos serviços da comunidade eclesial”.

Lembrou ainda a urgência de apostar em “formadores e professores qualificados”, sobretudo na área da “teologia”, para que estes possam ajudar a “consolidar os resultados” que já foram obtidos “no campo da evangelização”.

“Naturalmente não se pretende uma evangelização realizada apenas por agentes qualificados, enquanto o resto do povo fiel seria apenas recetor das suas ações. Pelo contrário, temos de fazer de cada cristão um protagonista”, concluiu.

Esta é a segunda visita “ad limina” que a Igreja Católica timorense realiza ao Vaticano, depois da criação do país em outubro de 2002.

JCP

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Agência ECCLESIA

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