Centenas de milhares de pessoas ocuparam ruas de Díli, durante visita de Francisco, celebrando fé católica e identidade nacional
Díli, 11 set 2024 (Ecclesia) – O Papa encerrou hoje a primeira visita de um pontífice desde a independência de Timor-Leste, uma viagem de 45 horas em que milhares de pessoas ocuparam ruas de Díli, celebrando fé católica e identidade nacional.
Francisco, visivelmente impressionado com a multidão que acompanhou todos os seus passos, em várias ocasiões que a maior riqueza do país era o “povo timorense”, elogiando a alegria e juventude da população.
Após um voo de quase três horas e meia, desde a Papua-Nova Guiné, Francisco e a sua comitiva chegaram ao aeroporto internacional de Díli na segunda-feira.
A deslocação até à Nunciatura Apostólica decorreu a bordo do papamóvel, num percurso acompanhado por dezenas de milhares de pessoas nas ruas de Díli, com muitas bandeiras de Timor-Leste e do Vaticano, além de cartazes de boas-vindas, no primeiro banho de multidão da visita.
Horas depois, Francisco deslocou-se ao Palácio Presidencial para a cerimónia de boas-vindas e o encontro com autoridades políticas e representantes da sociedade civil.
José Ramos-Horta, Nobel da Paz e presidente timorense, falou numa “visita histórica”, nos aniversários do 25 de Abril, em Portugal, dos 25 anos do referendo sobre a independência timorense e dos 35 anos da visita de João Paulo II, que “colocou a causa da autodeterminação de Timor-Leste na agenda global”.
Francisco elogiou o “heroísmo” do povo de Timor, evocando a luta contra a ocupação indonésia, e assumiu a sua preocupação com os abusos de menores e a pobreza no país.
A celebração central da viagem decorreu na tarde de terça-feira, em Tasi Tolu, que recebeu mais de meio milhão de pessoas, em clima de festa, para ver e ouvir o Papa, o qual afirmou que “o melhor de Timor é o seu povo”, antes de alertar para os “crocodilos que querem manter a cultura, a história” do país.
Antes da Missa, Francisco fez uma visita a crianças com deficiência, na Escola ‘Irmãs ALMA’ (Asosiasi Lembaga Misionari Awam, Associação das Sociedades Missionárias Leigas), marcada por gestos de proximidade, e encontrou-se com membros da comunidade católica, na Catedral da Imaculada Conceição, apelando à paz e à reconciliação.
A agenda incluiu ainda uma reunião privada com membros da Companhia de Jesus (Jesuítas), entre eles um missionário português com 103 anos de idade, que se encontra em Timor desde 1971.
O último momento do programa aconteceu na manhã de quarta-feira, num encontro com jovens timorenses no Centro de Convenções, antes da cerimónia de despedida no aeroporto internacional de Díli, rumo a Singapura.
“Ao deixar Timor-Leste após a minha viagem apostólica, saibam que estou profundamente grato a vossa excelência, às autoridades locais e aos vossos concidadãos pelo generoso acolhimento e pela proximidade que me dispensaram durante a minha visita. Rezando para que Deus Todo-Poderoso conceda ao país os dons da paz e da solidariedade, invoco sobre todos vós uma abundância de bênçãos”, refere a mensagem de despedida enviada a José Ramos-Horta, presidente do país.
A viagem mais longa do pontificado, iniciada a 2 de setembro, inclui 44 horas e mais de 32 mil quilómetros de voo, entre Indonésia, Papua-Nova Guiné, Timor-Leste e Singapura, onde a 45ª visita apostólica do Papa se encerra, a 13 de setembro.
Timor-Leste, com mais de 95% de católicos na sua população, é um dos únicos países asiáticos onde a Igreja Católica é maioritária, juntamente com as Filipinas; a Igreja timorense tem três dioceses: Díli, Baucau e Maliana.
OC