Timor-Leste: Francisco pede que novas gerações sejam protagonistas de «reconciliação»

Encontro com jovens encerra programa de 45 horas em Díli, marcado por banhos de multidão

Díli, 11 set 2024 (Ecclesia) – O Papa encontrou-se hoje com milhares de jovens no Centro de Convenções de Díli, no final da sua visita a Timor-Leste, pedindo que sejam protagonistas da “reconciliação” no país.

“Vocês têm uma história maravilhosa de heroísmo, de fé, de martírio, sobretudo de perdão e de reconciliação”, disse, numa intervenção saudada com vários aplausos.

“Ódio não, amor e serviço sim”, acrescentou, num discurso improvisado, em forma de diálogo com os presentes.

O encontro contou com uma saudação de boas-vindas do presidente-executivo da Comissão Nacional da Juventude Católica de Timor-Leste (CNJCTL) e testemunhos de quatro jovens, incluindo uma muçulmana.

“Não se esqueçam que vocês são herdeiros de quem os precedeu, fundando esta nação. Não percam a memória, a memória de quem os precedeu e, com tantos sacrifícios, consolidaram esta nação”, indicou, em espanhol, contando com a ajuda de um sacerdote para a tradução em tétum.

“Sejam herdeiros desta história tão bonita”, prosseguiu.

Numa visita acompanhada por centenas de milhares de pessoas, nas ruas de Díli, o Papa mostrou-se impressionado com este “país de gente jovem”.

“Esta manhã dizia a um bispo que nunca me vou esquecer do vosso sorriso. Não deixem de sorrir”, recomendou.

Falando aos cerca de 3 mil jovens que acompanharam o encontro, dentro e fora da sala, Francisco que mantenham o “entusiasmo da fé”, alertando contra “os vícios”.

“Tenham cuidado, porque chegam os que se dizem vendedores de felicidade, que vendem droga, tantas coisas que dão felicidade durante meia hora. Nada mais”, observou.

O Papa destacou a importância do diálogo entre gerações, valorizando a “sabedoria” dos idosos.

“Os maiores tesouros que uma sociedade tem são as crianças e os avós”, sustentou.

Tocou-me muito o coração a juventude deste país e o sorriso. Vocês são um povo que sabe sorrir, continuem assim, não se esqueçam”.

Francisco desafiou os jovens a “sonhar coisas grandes”, considerando que “um jovem que não sonha é um reformado da vida”.

“Os jovens têm de fazer barulho, para demonstrar a vida que têm”, assinalou.

O Papa recomendou que as novas gerações promovam a “liberdade, compromisso e fraternidade”, para “ser irmãos, não ser inimigos”.

“Temos que amar-nos, para lá de qualquer diferença étnica ou religiosa”, afirmou.

No último compromisso público da viagem, iniciada esta segunda-feira, Francisco alertou contra o bullying, que explora a fragilidade do outro.

“Respeitar-se”, indicou, ao convidar os jovens a repetir a frase “amor e reconciliação”.

Obrigado pela vossa alegria, obrigado pelo vosso sorriso”.

No final do encontro, após a oração, Francisco dirige-se à entrada principal onde dois jovens lhe entregam pombas, para as soltar como símbolo de paz.

Após saudar as pessoas reunidas na praça adjacente, o Papa segue para o aeroporto internacional ‘Presidente Nicolau Lobato’, onde decorre, de forma reservada, a cerimónia de despedida.

A viagem mais longa do pontificado, iniciada a 2 de setembro, inclui 44 horas e mais de 32 mil quilómetros de voo, entre Indonésia, Papua-Nova Guiné, Timor-Leste e Singapura, onde a 45ª visita apostólica do Papa se encerra, a 13 de setembro.

OC

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Agência ECCLESIA

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