Francisco ouviu representantes da comunidade católica, na Catedral da Imaculada Conceição
Díli, 10 set 2024 (Ecclesia) – O Papa encontrou-se hoje na Catedral de Díli com membros do clero e institutos religiosos, seminaristas e catequistas de Timor-Leste, ouvindo testemunhos de quem lutou contra a ocupação indonésia.
“A minha simples experiência, mas de grande importância, foi ajudar o comandante em chefe Kay Rala Xanana Gusmão a deslocar-se de Díli para Ossu, em junho de 1991”, relatou o padre Sancho Amaral, sacerdote diocesano, com 68 anos de idade.
A viagem desde Díli chegou a estar ameaçada pelos militares indonésios, que pararam o veículo, mas deixaram seguir o carro ao ver o padre.
“Eis a lição que aprendi como sacerdote, através das várias experiências difíceis de guerra: Deus sabe cuidar daquele que ele chamou e enviou para sua missão”, declarou.
A irmã Rosa Sarmento, da Congregação das Filhas de Caridade de Santa Madalena de Canossa, falou de Timor-Leste como “um oásis de vocação sacerdotal e religiosa”, que tem vindo a “ajudar as outras regiões do globo”.
“Timor vai evangelizar a Europa e outras partes do mundo”, acrescentou.
Florentino de Jesus Martins, catequista com 89 anos de idade, da Paróquia Nossa Senhora de Lurdes, Arquidiocese de Díli, falou da missão que desempenhou desde 1956.
Em 1962, foi nomeado catequista permanente, preparando as pessoas para serem batizadas, o que o obrigava a “andar a pé entre 6 a 10 quilómetros para dar catequese”.
“Durante o percurso, algumas vezes enfrentei desafios como chuva e fortes ventanias ou pernoitar na viagem. Embora tivesse enfrentado desafios, nunca desanimei e continuei a trabalhar com toda a responsabilidade, zelo e dedicação”, recordou.
Aos 82 anos, com doença de Parkinson, acabou por se aposentar desse trabalho, mas continua a “dar conselho e apoio moral aos outros catequistas”.
Francisco cumprimentou o catequista e brincou com ele, dizendo que fez “concorrência ao Apóstolo São Paulo”.
A celebração central da viagem vai decorrer hoje, pelas 16h30 (08h30 em Lisboa), em Tasi Tolu, o mesmo local que acolheu o Papa polaco, com a presença de centenas de milhares de pessoas.
A viagem mais longa do pontificado, iniciada a 2 de setembro, inclui 44 horas e mais de 32 mil quilómetros de voo, entre Indonésia, Papua-Nova Guiné, Timor-Leste e Singapura, onde a 45ª visita apostólica do Papa se encerra, a 13 de setembro.
OC