Timor-Leste: D. Manuel Martins recebe distinção por empenho na causa da independência

Bispo emérito de Setúbal recorda que defesa dos direitos timorenses face à Indonésia foi incómoda

Lisboa, 21 mai 2015 (Ecclesia) – O bispo emérito de Setúbal, D. Manuel Martins, foi condecorado, esta quarta-feira em Lisboa com a medalha da Ordem de Timor-Leste, apresentando-se como uma das vozes que defendeu “sempre” os direitos deste país lusófono.

O prelado reconheceu à Agência ECCLESIA, na cerimónia da entrega da condecoração, realizada numa unidade hoteleira da cidade de Lisboa, que se envolveu “na defesa daquele povo com muita paixão”.

Esta “paixão” manifestou-se de múltiplas formas, “desde conferências, intervenções na rádio e TV e até numa ida à ONU”, sublinhou D. Manuel Martins.

Segundo o bispo emérito, mesmo no seio da Igreja Católica as opiniões dividiam-se em relação a Timor-Leste e na Secretaria de Estado do Vaticano havia quem defendesse “a anexação por motivos de convivência pacífica e proteção da Indonésia”.

O cardeal Agostino Casaroli (secretário de Estado Vaticano de 1979 até 1990) chegou a escrever a D. Manuel Martins, na altura bispo de Setúbal, para que este evitasse seguir o discurso “do povo que protestava”, uma posição que era repetida pela Nunciatura Apostólica em Lisboa.

“São coisas que acontecem, mas nunca desanimei”, relata D. Manuel Martins, para quem seria “um crime”, como “cidadão, cristão e bispo” não intervir e não sofrer por aquelas pessoas.

“A alma da Igreja devia comungar com esta gente que sofria imenso”, insistiu o prelado, natural da diocese do Porto.

D. Manuel Martins visitaria Timor-Leste a convite de D. Carlos Ximenes Belo, na altura bispo de Díli.

“Já eram independentes e estavam em campanha eleitoral para a formação do primeiro governo, mas tudo aquilo cheirava a fumo”, disse.

Passados estes anos, o bispo emérito de Setúbal não está arrependido “de ter defendido aquele povo” e mostra-se feliz pela “sensibilidade para os Direitos Humanos”.

Nesta cerimónia, realizada em Lisboa, foram também condecorados o professor Adriano Moreira, o grupo ‘A Paz é Possível em Timor-Leste’ e o jornalista José Vegar.

LFS

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