Quaresma no mundo: Subir à montanha de Timor, ver o mar e rezar com um povo pobre e feliz

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Vinte horas distam Portugal de Timor, separam dois continentes, unem duas línguas que a história entrelaçou. Foi em 2003 que o Frei Fernando Cabecinhas fez este percurso pela primeira vez com o objetivo de iniciar a presença da Ordem dos Franciscanos Capuchinhos naquele país asiático.

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“É longa a viagem mas vale a pena fazê-la para encontrar pessoas que ficam muito contentes, que fazem a festa à chegada, impõem o Taís, o tecido timorense usado nos trajes tradicionais e em momentos de celebração”, começa por relembrar à Agência ECCLESIA o atual provincial da Ordem em Portugal, dos 11 anos que viveu em Timor.

Quando se aterra começa-se a viver entre a natureza, “de forma mais natural”.

Despir de preconceitos e seguranças: “a maior experiência e mais profunda é saber que se pode viver com o essencial”.

“Vê-se nos timorenses que com pouco vivem sempre alegres. O povo vive das oportunidades do dia-a-dia para manter a sua subsistência”, recorda o Frei Fernando Cabecinhas.

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«As grandes cidades timorenses são as pequenas vilas de cá. O mais normal é estar em contacto com a natureza, desde o mar às montanhas e arbustos, os animais que têm livre trânsito nas estradas, tanto ou mais que os peões».

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Viver a Quaresma nas várzeas e nas montanhas

O contexto social timorense é a maior diferença que o franciscano capuchinho encontra no assinalar o tempo quaresmal e a Semana Santa em Timor, registando uma grande afluência nas celebrações mais marcantes e uma perda de participação com os passar dos dias.

“As celebrações da Quaresma e Semana Santa, o iniciar da caminhada, é marcante mas vai faltando o fôlego. Não é um povo perseverante”, assinala á Agência ECCLESIA.

«São um povo que gosta muito de cerimónias. As grandes celebrações não esquecem e acorrem em massa na quarta-feira de cinzas, mas no domingo seguinte já não vai à missa. Falta o sentido e a implicação na sua caminhada».

As cerimónias são muito bem preparadas, “envolvem a comunidade não só cristã mas humana”, recorda, e até nas escolas, na quaresma, se realiza o sacramento da confissão.

«Impressionou-me a primeira vez que ali celebrei a Sexta-feira Santa. Uns três metros antes de chegarem à cruz, as pessoas vinham ajoelhados. Ficou-me a imagem: diante da cruz é de joelhos».

Quando lhe foi confiada a paróquia de Laleia o Frei Fernando Cabecinhas quis ir ao encontro do seu povo, muitos a viver nas montanhas.

 «Quando tomei posse da paróquia em Laleia, quis ir ao encontro do povo que me estava confiado e não é possível, em alguns pontos, deslocações de carro. Há que subir e descer montanhas, atravessar ribeiras com água pela cintura, encontrar pedras onde colocar os pés para não cair… aí não avistava tão longe, mas alcançava o perto e aproximava-me das pessoas que me estavam confiadas. Foi muito gratificante. Era um momento para celebrar a Eucaristia na aldeia».

 

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«Um ano fomos às várzeas, que o local onde eles lavram a terra para semear o arroz, e este trabalho coincide com o tempo da Quaresma. É um trabalho pesado. Celebrámos a Eucaristia no meio da lama, à sombra de uma árvore, e uma vez por semana celebrámos a via-sacra, nos altinhos que eles chamam cabobos, que servem para separar as várzeas e manter a água. Ali fizemos a via-sacra: a partir do seu trabalho das várzeas encontraram o percurso espiritual de Quaresma».

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Perguntámos ao Frei Fernando Cabecinhas o que diz Deus no cimo da montanha timorense.

Subir a montanha é também imagem de peregrinar, ato que os cristãos de Baucau faziam assiduamente. No cimo, armava-se a tenda para o encontro e para a festa.

“A tenda é algo muito normal entre os timorenses. Quando se junta muita gente a forma de os acolher é montar uma tenda. Para qualquer momento de festa, ou também um funeral, monta-se uma tenda”.

A vida diária feita de privações, onde o arroz é a base de toda a alimentação, mostra que a esmola, o jejum e a oração, como instrumentos de Quaresma, têm de ser concetualizados.

“A abstinência material ali não tem significado nem vale a pena propor, mas algum sinal destas propostas quaresmais sim. A explicação do seu significado sim. Habitualmente é mais marcado pelo itinerário de oração. Valorizam muito a via-sacra, é feita, se não todos os dias, pelo menos em todas as semanas”, relembra o provincial.

O percurso de Jesus ao calvário é preparado “o mais realisticamente possível”, recorda o Frei Fernando.

“Escolhem uma montanha, caminhos íngremes, carreiros rumo ao calvário. E termina numa cruz ali colocada, lembrando o caminho de Jesus”.

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A vida depois da independência

O Frei Fernando Cabecinhas chegou a Timor em 2003, um ano depois da independência do país com o objetivo de abrir a missão da Ordem dos Franciscanos Capuchinhos em Laleia, a cerca de 80 quilómetros da capital de Díli.

Os conflitos marcaram também a população, “remediadamente pobre”.

“A média de dinheiro que cada timorense tinha era 50 cêntimos. Agora subiu mas em 2003 era esta a realidade. Para a média ter 50 cêntimos havia muita desigualdade”, sinaliza o sacerdote capuchinho.

Partilhar a “pobreza e a riqueza de São Francisco de Assis”, estar com o povo, sentar e escutar sem pressa. Assim aprendeu a fazer o agora provincial.

“Ali é impossível não partilhar mesmo que se tenha pouco para dar. Mas estivemos, sobretudo, com as pessoas: era o que mais apreciavam. Que garantíssemos a assistência religiosa e partilhássemos a vida”.

Não havia funeral em que frades capuchinhos não fossem convidados para, na tenda, comer e rezar.

Em Timor, a vida é feita na rua e sem relógio.

 

 

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«Eram notórios os sinais de destruição: casas sem telhado, com vestígios de terem sido queimadas, carros incendiados. Os sinais bélicos de algum canhão aqui ou ali. Mas o que nos toca mais é a destruição das casas. A vida social de Timor deixou de crescer e se desenvolver por causa dos conflitos».

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«Sentar e ficar ao lado era uma forma muito rica de dar o que podíamos».

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«Os nossos conventos estão metidos nas grandes populações. Sinto falta de conventos mais simples, pequenos e próximo de gente simples. Na minha ação de animação dos irmãos puxo sempre por ai, sempre que posso».

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Um programa quaresmal nas instituições eclesiais

Provincial da Ordem dos Franciscanos Capuchinhos em Portugal desde 2014, quando regressou de Timor, a vida do Frei Fernando Cabecinhas continua ligada às montanhas e ao povo, de onde trouxe a simplicidade que agora imprime na sua missão.

“Viver simples, viver partilhado, proximidade que nos cercam e das pessoas que estão envolvidas, a disponibilidade para estar e assumir o que quer que seja”, são o motor do seu agir de provincial que não gosta de viver na província mas de estar perto das comunidades da Ordem.

“Vou saltando de casa em casa. Há coisas de uma vida simples e essencial que Timor nos marca e que aqui procuramos propor e testemunhar, pelo menos”.

Um verdadeiro programa quaresmal que o Papa Francisco tem falado: uma conversão pastoral que é também institucional.

De Timor, o Frei Fernando Cabecinhas guarda uma estola feita com o tecido tradicional, o Tais. Para onde vai leva sempre uma alva feita por uma paroquiana. O hábito franciscano que usa foi também confecionado por gente simples, uma oferta da “viúva do Evangelho” que dá tudo o que tem.

LS

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Agência ECCLESIA

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