Testemunho sobre luta dos sudaneses

Arcebispo de Cartum escreve cartas e poemas para transmitir esperança e fé Desde que foi nomeado Arcebispo de Cartum, em 1981, o Cardeal Gabriel Wako liderou os fiéis durante a introdução da lei islâmica (Shari’a), de uma sangrenta guerra civil e das migrações massivas de sudaneses que procuravam assim escapar dos massacres e da fome. Sem outros poderes para defender o seu povo, o Cardeal Gabriel Wako escreveu ao longo destes anos difíceis, várias cartas pastorais e poemas procurando transmitir a esperança e a fé aos cristãos sudaneses. Estes textos constituíram a imagem de marca da abordagem pastoral do “Padre Coragem”, como é conhecido entre o seu povo. No ano em que assinala o seu jubileu de prata, o Cardeal Gabriel Wako, mantendo-se fiel a esta tradição, publicou um poema intitulado “As Tuas maravilhas” (“Your Wonders”, no original) onde regista a longa história de luta e sofrimento do seu povo causados pelo fundamentalismo islâmico e pelo caos económico. No poema, enviado à Ajuda à Igreja que Sofre, o prelado recorda de forma comovente as vagas de refugiados que chegaram à capital sudanesa na década de oitenta, após o início da guerra entre o Governo de Cartum e os rebeldes do sul. O sofrimento do seu povo era tão preocupante para o Cardeal que decidiu começar a organizar nos bairros da lata um programa social e escolar a que chamou “Save the Saveable”. No seu auge, este programa permitiu que 70 mil crianças frequentassem a escola. Actualmente é metade o número de crianças que continuam a ser abrangidas pelo programa que tem recebido apoio financeiro por parte da Ajuda à Igreja que Sofre. Pelo contrário, este programa despertou a ira do Governo islamista do Sudão que, de forma periódica, ordena demolições nos bairros de lata e a destruição das igrejas circundantes. O jubileu de prata do arcebispado do Cardeal Gabriel Zubier Wako é comemorado numa altura em que milhares de sudaneses que abandonaram as suas casas para escapar à violência que devastou o sul do país começam lentamente a regressar aos seus locais de origem e a reconstruir os seus lares. Este desenvolvimento – trazido pelo acordo de paz entre o Governo e alguns grupos rebeldes, assinado em Janeiro de 2005 – é sem dúvida um sinal de esperança para uma geração marcada por décadas de conflitos armados e de massacres.

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