Testemunhas da Ternura de Deus

Carta Pastoral de D. António Marto sobre o acolhimento e a vocação lança acção da diocese em 2007/2008 Com o título “Testemunhas da ternura de Deus”, D. António Marto acaba de publicar a carta pastoral que serve de pano de fundo à actividade pastoral durante o ano 2007/2008. Trata-se de um documento precioso que denota o cariz teológico, pastoral e espiritual de um bispo que vive e sente a diocese e ao mesmo tempo deixa transparecer a ternura de um pai e amigo. D. António começa por dizer que este ano corresponderá a um momento de paragem. Não de inactividade, mas paragem reconfortante e animadora. Uma paragem que deve ser momento para “consolidar os dinamismos, as iniciativas e propostas, as acções que foram desencadeadas e corriam o risco de depressa serem esquecidas, sem lançarem raízes sólidas em todas as comunidades e vigararias”. A frase bíblica que servirá de mote ao longo do ano é “Saboreai e vede como é bom o Senhor” (Sl 34,9) e o símbolo que lhe dará visibilidade é a Bíblia. No documento agora publicado, D. António Marto “retoma os temas do acolhimento e da vocação em conjunto, procurando conjugá-los e iluminá-los na perspectiva da ternura de Deus”. Começa por fazer uma análise do “mundo inóspito” que invoca ternura, para desmascarar profeticamente as situações de stress, individualismo, mercantilismo e mobilidade que caracterizam os tempos e as sociedades modernas. Situações estas que “produzem o drama moderno da incomunicabilidade, do anonimato, da solidão existencial”. Que sociedade estamos assim a construir – pergunta-se o prelado? Para os cristãos esta situação torna-se um desafio e uma vocação. É-lhes pedido que criem uma “cultura da ternura e do acolhimento, da comunhão e da solidariedade, como alternativa à anti-cultura do egoísmo, da indiferença, da dureza e da frieza de relações, da divisão e da violência”. Segue-se uma bela página de teologia e espiritualidade em que, servindo-se de passagens bíblicas, o bispo fala do amor e ternura de Deus, o primeiro a acolher-nos, mesmo nas nossas fragilidades, nas nossas recusas. Acolhimento esse que suscita em nós o desejo de acolher Deus no quotidiano, a exemplo de Abraão, Marta e Maria ou Zaqueu. Enraizado neste acolhimento de Deus que acolhe, o cristão sente o impulso para se tornar acolhedor dos irmãos, o que implica abertura relacional e universal, disponibilidade, solidariedade, comunhão e partilha nas alegrias e tristezas. No final da sua carta, D. António, aponta algumas formas concretas de cultivar a espiritualidade do acolhimento, tanto para as comunidades paroquiais, como para a diocese e para os principais agentes da pastoral. Nota de particular referência para a atenção dada às situações de fragilidade, doença, velhice, perturbações psíquico-espirituais e imigrados, bem como situações familiares problemáticas. Antes de terminar com uma expressiva oração a Nossa Senhora da ternura e do acolhimento, tempo ainda para uma breve reflexão sobre a vocação, apresentada como resultado evidente de quem se deixa tocar pela “chama que ama e chama”.

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Agência ECCLESIA

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