Testamento de João Paulo II

Texto em português Testamento de 06.03.1979 e sucessivos acrescentos Totus Tuus ego sum Em nome da Santíssima Trindade. Amen. “Vigiai, pois, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor” (cf. Mt 24,42) – estas palavras recordam-me o último chamamento, que acontecerá no momento em que o Senhor quiser. Desejo segui-Lo e desejo que tudo aquilo que faz parte da minha vida terrena me prepare para este momento. Não sei quando isso acontecerá, mas, como em tudo, também neste momento me coloco nas mãos da Mãe do meu Mestre: Totus Tuus. Nas mesmas mãos maternas entrego tudo e Todos aqueles com os quais a minha vida e a minha vocação me ligou. Nessas mãos entrego, sobretudo, a Igreja e também a minha Nação e toda a humanidade. Agradeço a todos. A todos peço perdão. Peço também a oração, para que a Misericórdia de Deus se mostre maior do que a minha fraqueza e indignidade. Durante os exercícios espirituais reli o testamento do Santo Padre Paulo VI. Esta leitura impulsionou-me a escrever o presente testamento. Não deixo atrás de mim nenhuma propriedade da qual seja necessário dispor. Quanto às coisas de uso quotidiano de que me sirvo, peço que sejam distribuídas como parecer oportuno. As notas pessoais sejam queimadas. Peço que dom Stanislaw, a quem agradeço pela colaboração e pela ajuda tão prolongada ao longo dos anos e tão compreensiva, vele por isto. Todos os outros agradecimentos, em contrapartida, deixo-os no coração diante do próprio Deus, pois é difícil exprimi-los. No que diz respeito ao funeral, repito as mesmas disposições que o Santo Padre Paulo VI deu (numa nota à margem: a sepultura na terra, não num sarcófago, 13.3.92). “Apud Dominum misericordia et copiosa apud Eum redemptio” João Paulo pp. II Roma, 06.03.1979 “Depois da morte peço Santas Missas e orações”. 05.03.1990 [Folha sem data] “Exprimo a mais profunda confiança de que, apesar de toda a minha fraqueza, o Senhor me concederá toda as graças necessárias para enfrentar, segundo a Sua vontade, qualquer missão, prova e sofrimento que Ele queira pedir ao Seu servo, no decurso da vida. Tenho também confiança de que Ele não permitirá nunca que, através de qualquer atitude – palavras, obras ou omissões – possa trair as minhas obrigações nesta santa Sé Petrina. 24.02-01.03.1980 “Também durante estes exercícios espirituais reflecti sobre a verdade do Sacerdócio de Cristo na perspectiva da Passagem que para cada um de nós é o momento da própria morte. A Ressurreição de Cristo é para nós sinal eloquente (acrescentado por cima: decisivo) da despedida deste mundo – para nascer no outro, no mundo futuro. Li, pois, as anotações do meu testamento do último ano, escrito também durante os exercícios espirituais – e comparei-os com o testamento do meu grande Predecessor e Pai Paulo VI, com aquele sublime testemunho sobre a morte de um cristão e de um papa – e renovei em mim a consciência das questões às quais se refere a anotação de 6.III. 1979 preparada por mim (de uma maneira muito provisória). Hoje desejo acrescentar apenas isto, que cada um deve ter presente a perspectiva da morte. E deve estar pronto a apresentar-se diante do Senhor e do Juiz – e ao mesmo tempo Redentor e Pai. Eu também tomo isto em consideração continuamente, confiando esse momento decisivo à Mãe de Cristo e da Igreja – à Mãe da minha esperança. Os tempos em que vivemos, são indizivelmente difíceis e inquietos. Difícil e duro tornou-se também o caminho da Igreja, uma prova característica destes tempos – tanto para os Fiéis, como para os Pastores. Em alguns Países (como, por exemplo, naquele sobre o qual li durante os exercícios espirituais), a Igreja encontra-se num período de perseguição tal que não é inferior à dos primeiros séculos, ou antes, até os supera pelo grau de crueldade e de ódio. Sanguis martyrum – semen christianorum. E além disto – tantas pessoas desaparecem inocentemente, também neste País em que vivemos… Uma vez mais desejo confiar-me totalmente à graça do Senhor. Ele mesmo decidirá quando e como devo terminar a minha vida terrena e o ministério pastoral. Na vida e na morte Totus Tuus, através da Imaculada. Aceitando desde agora esta morte, espero que Cristo me dê a graça para a última passagem, quer dizer, a (minha) Páscoa. Espero também que a torne útil para a causa mais importante que procuro servir: a salvação dos homens, a salvaguarda da família humana, e nela de todas as nações e povos (entre eles refiro-me também em particular à minha Pátria terrena), útil para as pessoas que de modo particular me confiou, para a questão da Igreja, para a glória do próprio Deus. Não desejo acrescentar nada ao que escrevi há um ano – apenas exprimir esta prontidão e ao mesmo tempo confiança, para as quais de novo me dispuseram os presentes exercícios espirituais. João Paulo II Totus Tuus ego sum 05.03.1982 Totus Tuus ego sum No decurso dos exercícios espirituais deste ano, li (mais vezes) o texto do testamento de 6.III.1979. Apesar de ainda o considerar provisório (não definitivo), deixo-o na forma em que está. Não mudo (por agora) nada, e também nada acrescento, no que se refere às disposições nele contidas. O atentado contra a minha vida a 13.V.1981 confirmou, de alguma maneira, a exactidão das palavras escritas no período dos exercícios espirituais de 1980 (24.II-1.III). Sinto ainda mais profundamente que me encontro totalmente nas Mãos de Deus – e encontro-me totalmente à disposição do meu Senhor, confiando-me a Ele através da Sua Imaculada Mãe (Totus Tuus). João Paulo pp. II 05.03.1982 Em relação à última frase do meu testamento de 6.III 1979 (“sobre o lugar, o lugar do funeral, decida o Colégio Cardinalício e os Compatriotas”) – esclareço o que tenho em mente: o metropolita de Cracóvia ou o Conselho Geral do Episcopado da Polónia – ao Colégio Cardinalício peço que satisfaça, na medida do possível, as eventuais petições dos acima indicados. 01.03.1985 Além disso – no que diz respeito à expressão “Colégio Cardinalício e os Compatriotas”: o “Colégio Cardinalício” não tem nenhuma obrigação de consultar os “Compatriotas” sobre esta questão; no entanto, pode fazê-lo, se por algum motivo o considerar justo. JPII. Exercícios espirituais do ano jubilar de 2000 (12-18.III) [Para o testamento] 1. Quando no dia 16 de Outubro de 1978 o Conclave dos Cardeais escolheu João Paulo II, o Primaz da Polónia, Card. Stefan Wyszynki disse-me: “A tarefa do novo papa será a de conduzir a Igreja ao novo milénio”. Não sei se repito exactamente a frase, mas pelo menos era esse o sentido daquilo que então ouvi. Disse-o o Homem que passou à História como Primaz do Milénio. Um grande Primaz. Fui testemunha da sua missão, da sua total confiança. Das Suas lutas: da Sua vitória. “A vitória, quando chegar, será uma vitória através de Maria” – estas palavras do seu Predecessor, o Card. August Hlond, costumavam ser repetidas pelo Primaz do Milénio. Deste modo fui, de alguma maneira, preparado para a tarefa que, no dia 16 de Outubro de 1978, se apresentou diante de mim. No momento em que escrevo estas palavras, o Ano Jubilar de 2000 é já uma realidade de facto. Na noite de 24 de Dezembro de 1999 foi aberta a simbólica Porta do Grande Jubileu na Basílica de São Pedro, e em seguida a de São João de Latrão, depois a de Santa Maria Maior – no primeiro dia do ano, e no dia 19 de Janeiro a Porta da Basílica de São Paulo fora de muros. Este último acto, dado o seu carácter ecuménico, ficou impresso na memória de modo muito particular. 2. À medida em que o Ano Jubilar de 2000 vai avançando, dia a dia fecha-se atrás de nós o século vinte e abre-se o século vinte e um. Segundo os desígnios da Providência foi-me concedido viver no difícil século que está a terminar, e agora no ano em que a minha vida alcança os oitenta anos (“octogesima adveniens”), é necessário perguntar-se se não será o tempo de repetir com o bíblico Simeão Nunc dimittis. No dia 13 de Maio de 1981, o dia do atentado contra o Papa durante a audiência geral na Praça de São Pedro, a Divina Providência salvou-me da morte de modo milagroso. Aquele que é o único Senhor da vida e da morte, Ele mesmo me prolongou a vida, de certo modo deu-ma de novo. Desde este momento a minha vida pertence-lhe ainda mais a Ele. Espero que Ele me ajude a reconhecer até quando devo continuar este serviço, ao qual me chamou no dia 16 de Outubro de 1978. Peço-lhe que me chame quando quiser. “Na vida e na morte pertencemos ao Senhor… somos do Senhor (cf. Rm 14,8). Espero também que até que me seja dado cumprir o serviço Petrino na Igreja, a Misericórdia de Deus queira emprestar-me as forças necessárias para este serviço. 3. Como em cada ano durante os exercícios espirituais, li o meu testamento de 6.III.1979. Continuo a manter as disposições nele contidas. Aquilo que então, e também durante os sucessivos exercícios espirituais foi acrescentado, constitui um reflexo da difícil e dura situação geral, que marcou os anos oitenta. Desde o outono do ano 1989 esta situação mudou. O último decénio do século passado esteve livre das tensões precedentes; isto não significa que não tenha trazido consigo novos problemas e dificuldades. De modo particular, seja louvada a Divina Providência por isto, porque o período da chamada “guerra fria” terminou sem o violento conflito nuclear, cujo perigo pesava sobre o mundo no período precedente. 4. Estando no limiar do terceiro milénio “in medio Ecclesiae”, desejo ainda mais uma vez exprimir a gratidão ao Espírito Santo pelo grande dom do Concílio Vaticano II, ao qual junto com toda a Igreja – e sobretudo com todo o episcopado – me sinto devedor. Estou convencido de que ainda por muito tempo será dado às novas gerações descobrir as riquezas que este Concílio do século XX nos deixou. Como bispo que participou no acontecimento conciliar do primeiro ao último dia, desejo confiar este grande património a todos aqueles que são e serão chamados a concretizá-lo no futuro. Da minha parte agradeço ao eterno Pastor que me permitiu servir esta grandíssima causa no decorrer de todos os anos do meu pontificado. “In medio Ecclesiae”… desde os primeiros anos do serviço episcopal – sublinho que graças ao Concílio – foi-me permitido experimentar a fraterna comunhão do Episcopado. Como sacerdote da Arquidiocese de Cracóvia tinha experimentado o que era a comunhão fraterna do presbitério – o Concílio abriu uma nova dimensão desta experiência. 5. Quantas pessoas deveria aqui elencar! Provavelmente o Senhor Deus chamou a Si a maioria delas – quanto aos que ainda se encontram neste mundo, as palavras deste testamento recordam-nas a todos e em todos os lugares, onde quer que se encontrem. No decurso dos mais de vinte anos em que venho exercendo o serviço Petrino “in medio Ecclesiae” experimentei a benévola e ainda mais fecunda colaboração de tantos Cardeais, Arcebispos e Bispos, tantos sacerdotes, tantas pessoas consagradas – Irmãos e Irmãs – enfim de tantas pessoas leigas, no ambiente da Cúria, no Vicariato da Diocese de Roma, bem como fora destes ambientes. Como não abraçar com grata memória todos os Episcopados do mundo, com os quais me encontrei em sucessivas visitas “ad limina Apostolorum”! Como não recordar também tantos Irmãos cristãos – não católicos! E o rabino de Roma e os numerosos representantes das religiões não cristãs! E a tantos representantes do mundo da cultura, da ciência, da política, dos meios de comunicação social! 6. À medida que se aproxima o limite da minha vida terrena, regresso com a memória ao início, aos meus Pais, ao Irmão e à Irmã (que não conheci, porque morreu antes do meu nascimento), à paróquia de Wadowice, onde fui baptizado, àquela cidade do meu amor, às pessoas do meu tempo, companheiras e companheiros da escola primária, do liceu, da universidade, até aos tempos da ocupação, quando trabalhei como operário, e em seguida à paróquia de Niegowie, à de São Floriano de Cracóvia, à pastoral universitária, ao ambiente… a todos os ambientes… a Cracóvia e a Roma… às pessoas que, de modo especial, me foram confiadas pelo Senhor. A todos quero dizer apenas uma coisa: “Deus vos recompense”. “In manus Tuas, Domine, commendo spiritum meum“. A.D. 17.III.2000 Tradução: Agência ECCLESIA/Secretariado geral da CEP Tradução italiana publicada pelo Vaticano Totus Tuus ego sum Nel Nome della Santissima Trinità. Amen. “Vegliate, perchè non sapete in quale giorno il Signore vostro verrà” (cf. Mt 24, 42) – queste parole mi ricordano l’ultima chiamata, che avverrà nel momento in cui il Signore vorrà. Desidero seguirLo e desidero che tutto ciò che fa parte della mia vita terrena mi prepari a questo momento. Non so quando esso verrà, ma come tutto, anche questo momento depongo nelle mani della Madre del mio Maestro: Totus Tuus. Nelle stesse mani materne lascio tutto e Tutti coloro con i quali mi ha collegato la mia vita e la mia vocazione. In queste Mani lascio soprattutto la Chiesa, e anche la mia Nazione e tutta l’umanità. Ringrazio tutti. A tutti chiedo perdono. Chiedo anche la preghiera, affinchè la Misericordia di Dio si mostri più grande della mia debolezza e indegnità. Durante gli esercizi spirituali ho riletto il testamento del Santo Padre Paolo VI. Questa lettura mi ha spinto a scrivere il presente testamento. Non lascio dietro di me alcuna proprietà di cui sia necessario disporre. Quanto alle cose di uso quotidiano che mi servivano, chiedo di distribuirle come apparirà opportuno. Gli appunti personali siano bruciati. Chiedo che su questo vigili don Stanislao, che ringrazio per la collaborazione e l’aiuto così prolungato negli anni e così comprensivo. Tutti gli altri ringraziamenti invece, li lascio nel cuore davanti a Dio stesso, perchè è difficile esprimerli. Per quanto riguarda il funerale, ripeto le stesse disposizioni, che ha dato il Santo Padre Paolo VI. (qui nota al margine: il sepolcro nella terra, non in un sarcofago, 13.3.92). “Apud Dominum misericordia et copiosa apud Eum redemptio” Giovanni Paolo pp. II Roma, 06.03.1979 “Dopo la morte chiedo Sante Messe e preghiere”. 05.103.1990 [Foglio senza data] “Esprimo la più profonda fiducia che, malgrado tutta la mia debolezza, il Signore mi concederà ogni grazia necessaria per affrontare secondo la Sua volontà qualsiasi compito, prova e sofferenza che vorrà richiedere dal Suo servo, nel corso della vita. Ho anche fiducia che non permetterà mai che, mediante qualche mio atteggiamento: parole, opere o omissioni, possa tradire i miei obblighi in questa santa Sede Petrina. 24.02-01.03.1980 “Anche durante questi esercizi spirituali ho riflettuto sulla verità del Sacerdozio di Cristo nella prospettiva di quel Transito che per ognuno di noi è il momento della propria morte. Del congedo da questo mondo – per nascere all’altro, al mondo futuro, segno eloquente (aggiunto sopra: decisivo) è per noi la Risurrezione di Cristo. Ho letto dunque la registrazione del mio testamento dell’ultimo anno, fatta anch’essa durante gli esercizi spirituali – l’ho paragonata con il testamento del mio grande Predecessore e Padre Paolo VI, con quella sublime testimonianza sulla morte di un cristiano e di un papa – e ho rinnovato in me la coscienza delle questioni, alle quali si riferisce la registrazione del 6.III. 1979 preparata da me (in modo piuttosto provvisorio). Oggi desidero aggiungere ad essa solo questo, che ognuno deve tener presente la prospettiva della morte. E deve esser pronto a presentarsi davanti al Signore e al Giudice – e contemporaneamente Redentore e Padre. Allora anche io prendo in considerazione questo continuamente, affidando quel momento decisivo alla Madre di Cristo e della Chiesa – alla Madre della mia speranza. I tempi, nei quali viviamo, sono indicibilmente difficili e inquieti. Difficile e tesa è diventata anche la via della Chiesa, prova caratteristica di questi tempi – tanto per i Fedeli, quanto per i Pastori. In alcuni Paesi (come p.e. in quello di cui ho letto durante gli esercizi spirituali), la Chiesa si trova in un periodo di persecuzione tale, da non essere inferiore a quelle dei primi secoli, anzi li supera per il grado della spietatezza e dell’odio. Sanguis martyrum – semen christianorum. E oltre questo – tante persone scompaiono innocentemente, anche in questo Paese in cui viviamo… Desidero ancora una volta totalmente affidarmi alla grazia del Signore. Egli stesso deciderà quando e come devo finire la mia vita terrena e il ministero pastorale. Nella vita e nella morte Totus Tuus mediante l’Immacolata. Accettando già ora questa morte, spero che il Cristo mi dia la grazia per l’ultimo passaggio, cioè la [mia] Pasqua. Spero anche che la renda utile anche per questa più importante causa alla quale cerco di servire: la salvezza degli uomini, la salvaguardia della famiglia umana, e in essa di tutte le nazioni e dei popoli (tra essi mi rivolgo anche in modo particolare alla mia Patria terrena), utile per le persone che in modo particolare mi ha affidato, per la questione della Chiesa, per la gloria dello stesso Dio. Non desidero aggiungere niente a quello che ho scritto un anno fa – solo esprimere questa prontezza e contemporaneamente questa fiducia, alla quale i presenti esercizi spirituali di nuovo mi hanno disposto”. Dopo la firma segue “Totus Tuus ego sum”. Giovanni Paolo II 05.03.1982 Totus Tuus ego sum “Nel corso degli esercizi spirituali di quest’anno ho letto (più volte) il testo del testamento del 6.III.1979. Malgrado che tuttora lo consideri come provvisorio (non definitivo), lo lascio nella forma nella quale esiste. Non cambio (per ora) niente, e neppure aggiungo, per quanto riguarda le disposizioni in esso contenute. L’attentato alla mia vita il 13.V.1981 in qualche modo ha confermato l’esattezza delle parole scritte nel periodo degli esercizi spirituali del 1980 (24.II – 1.III) Tanto più profondamente sento che mi trovo totalmente nelle Mani di Dio – e resto continuamente a disposizione del mio Signore, affidandomi a Lui nella Sua Immacolata Madre (Totus Tuus)”. Giovanni Paolo pp. II 05.03.1982 “In connessione con l’ultima frase del mio testamento del 6.III 1979 (: “Sul luogo /il luogo cioè del funerale/ decida il Collegio Cardinalizio e i Connazionali”) – chiarisco che ho in mente: il metropolita di Cracovia o il Consiglio Generale dell’Episcopato della Polonia – al Collegio Cardinalizio chiedo intanto di soddisfare in quanto possibile le eventuali domande dei su elencati”. 01.03.1982 “Ancora – per quanto riguarda l’espressione “Collegio Cardinalizio e i Connazionali”: il “Collegio Cardinalizio” non ha nessun obbligo di interpellare su questo argomento “i Connazionali”; può tuttavia farlo, se per qualche motivo lo riterrà giusto”. JPII. Exercícios do ano jubilar de 2000 12-18.03.2000 [Para o testamento] “Quando nel giorno 16 ottobre 1978 il conclave dei cardinali scelse Giovanni Paolo II, – vi si legge – il Primate della Polonia Card. Stefan Wyszynski mi disse: “Il compito del nuovo papa sarà di introdurre la Chiesa nel Terzo Millennio”. Non so se ripeto esattamente la frase, ma almeno tale era il senso di ciò che allora sentii. Lo disse l’Uomo che è passato alla storia come Primate del Millennio. Un grande Primate. Sono stato testimone della sua missione, del Suo totale affidamento. Delle Sue lotte: della Sua vittoria. “La vittoria, quando avverrà, sarà una vittoria mediante Maria” – queste parole del suo Predecessore, il card. August Hlond, soleva ripetere il Primate del Millennio. In questo modo sono stato in qualche maniera preparato al compito che il giorno 16 ottobre 1978 si è presentato davanti a me. Nel momento in cui scrivo queste parole, l’Anno giubilare del 2000 è già una realtà in atto. La notte del 24 dicembre 1999 è stata aperta la simbolica Porta del Grande Giubileo nella Basilica di San Pietro, in seguito quella di San Giovanni in Laterano, poi di Santa Maria Maggiore – a capodanno, e il giorno 19 gennaio la Porta della Basilica di San Paolo “fuori le mura”. Quest’ultimo avvenimento, per via del suo carattere ecumenico, è restato impresso nella memoria in modo particolare. 2. A misura che l’Anno Giubilare 2000 va avanti, di giorno in giorno si chiude dietro di noi il secolo ventesimo e si apre il secolo ventunesimo. Secondo i disegni della Provvidenza mi è stato dato di vivere nel difficile secolo che se ne sta andando nel passato, e ora nell’anno in cui l’età della mia vita giunge agli anni ottanta (“octogesima adveniens”), bisogna domandarsi se non sia il tempo di ripetere con il biblico Simeone “Nunc dimittis”. Nel giorno del 13 maggio 1981, il giorno dell’attentato al Papa durante l’udienza generale in Piazza San Pietro, la Divina Provvidenza mi ha salvato in modo miracoloso dalla morte. Colui che è unico Signore della vita e della morte Lui stesso mi ha prolungato questa vita, in un certo modo me l’ha donata di nuovo. Da questo momento essa ancora di più appartiene a Lui. Spero che Egli mi aiuterà a riconoscere fino a quando devo continuare questo servizio, al quale mi ha chiamato nel giorno 16 ottobre 1978. Gli chiedo di volermi richiamare quando Egli stesso vorrà. “Nella vita e nella morte apparteniamo al Signore… siamo del Signore” (cf. Rm 14, 8). Spero anche che fino a quando mi sarà donato di compiere il servizio Petrino nella Chiesa, la Misericordia di Dio voglia prestarmi le forze necessarie per questo servizio. 3. Come ogni anno durante gli esercizi spirituali ho letto il mio testamento del 6.III.1979. Continuo a mantenere le disposizioni contenute in esso. Quello che allora, e anche durante i successivi esercizi spirituali è stato aggiunto costituisce un riflesso della difficile e tesa situazione generale, che ha marcato gli anni ottanta. Dall’autunno dell’anno 1989 questa situazione è cambiata. L’ultimo decennio del secolo passato è stato libero dalle precedenti tensioni; ciò non significa che non abbia portato con sè nuovi problemi e difficoltà. In modo particolare sia lode alla Provvidenza Divina per questo, che il periodo della così detta “guerra fredda” è finito senza il violento conflitto nucleare, di cui pesava sul mondo il pericolo nel periodo precedente. 4. Stando sulla soglia del terzo millennio “in medio Ecclesiae”, desidero ancora una volta esprimere gratitudine allo Spirito Santo per il grande dono del Concilio Vaticano II, al quale insieme con l’intera Chiesa – e soprattutto con l’intero episcopato – mi sento debitore. Sono convinto che ancora a lungo sarà dato alle nuove generazioni di attingere alle ricchezze che questo Concilio del XX secolo ci ha elargito. Come vescovo che ha partecipato all’evento conciliare dal primo all’ultimo giorno, desidero affidare questo grande patrimonio a tutti coloro che sono e saranno in futuro chiamati a realizzarlo. Per parte mia ringrazio l’eterno Pastore che mi ha permesso di servire questa grandissima causa nel corso di tutti gli anni del mio pontificato. “In medio Ecclesiae”… dai primi anni del servizio vescovile – appunto grazie al Concilio – mi è stato dato di sperimentare la fraterna comunione dell’Episcopato. Come sacerdote dell’Arcidiocesi di Cracovia avevo sperimentato che cosa fosse la fraterna comunione del presbiterio – il Concilio ha aperto una nuova dimensione di questa esperienza. 5. Quante persone dovrei qui elencare! Probabilmente il Signore Dio ha chiamato a Sè la maggioranza di esse – quanto a coloro che ancora si trovano da questa parte, le parole di questo testamento li ricordino, tutti e dappertutto, dovunque si trovino. Nel corso di più di vent’anni da cui svolgo il servizio Petrino “in medio Ecclesiae” ho sperimentato la benevola e quanto mai feconda collaborazione di tanti Cardinali, Arcivescovi e Vescovi, tanti sacerdoti, tante persone consacrate – Fratelli e Sorelle – infine di tantissime persone laiche, nell’ambiente curiale, nel Vicariato della Diocesi di Roma, nonchè fuori di questi ambienti. Come non abbracciare con grata memoria tutti gli Episcopati nel mondo, con i quali mi sono incontrato nel succedersi delle visite “ad limina Apostolorum”! Come non ricordare anche tanti Fratelli cristiani – non cattolici! E il rabbino di Roma e così numerosi rappresentanti delle religioni non cristiane! E quanti rappresentanti del mondo della cultura, della scienza, della politica, dei mezzi di comunicazione sociale! 6. A misura che si avvicina il limite della mia vita terrena ritorno con la memoria all’inizio, ai miei Genitori, al Fratello e alla Sorella (che non ho conosciuto, perchè morì prima della mia nascita), alla parrocchia di Wadowice, dove sono stato battezzato, a quella città del mio amore, ai coetanei, compagne e compagni della scuola elementare, del ginnasio, dell’università, fino ai tempi dell’occupazione, quando lavorai come operaio, e in seguito alla parrocchia di Niegowic, a quella cracoviana di S. Floriano, alla pastorale degli accademici, all’ambiente… a tutti gli ambienti… a Cracovia e a Roma… alle persone che in modo speciale mi sono state affidate dal Signore. A tutti voglio dire uno sola cosa: “Dio vi ricompensi” “In manus Tuas, Domine, commendo spiritum meum” A.D. 17.III.2000

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