Evento no Baixo Alentejo foi distinguido com o selo EFFE da União Europeia
Beja, 01 jun 2015 (Ecclesia) – O festival ‘Terras Sem Sombra’, organizado pela Diocese de Beja, propõe um regresso sob um “novo olhar” às “raízes mais profundas da música sacra do Mediterrâneo”, este sábado, às 21h30, na igreja de São João Baptista em Moura.
“Sob o título ‘O Canto do Sul de Itália: Sicília e Duas Calábrias (Séculos XVI-XVII)’, este concerto revela um património quase desconhecido mas comum a Portugal e Itália, valorizando as afinidades da música siciliana e calabresa com a portuguesa”, explica o departamento do Património Histórico e Artístico (DPHA), da Diocese de Beja.
Num comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA, a organização informa que “não faltam raridades de fulgurante beleza” no património musical que vai ser apresentado no concerto de encerramento da 11ª edição do festival, em Moura.
“Para a poesia em língua siciliana este foi um tempo de extraordinário florescimento que refletiu um nível de sensibilidade pouco usual”, assinalou o responsável pela direção musical do concerto na “terra do cante”.
Franco Pavan, maestro e musicólogo, comentou que a Calábria “é o fio condutor do encontro” e reuniram “obras de invulgar interesse estético” focados numa música tradicional que “hoje ainda mantém vasta popularidade”.
O também diretor artístico do ensemble Laboratorio ‘600 vai trazer ao Alentejo, “pela primeira vez”, as intérpretes Elisa La Marca e Flora Papadopoulos.
Por sua vez, o diretor artístico do ‘Terras Sem Sombra’, destaca a valorização de “belíssimos textos da época barroca” e a recuperação de antigos instrumentos meridionais, como “a chitarra batente, o arquialaúde e a harpa”.
“Onde se veem correspondências subtis com a paisagem e os costumes do Alentejo”, observou Juan Ángel Vela del Campo.
O diretor-geral do Festival Terras sem Sombra expressou o “grande orgulho” na ligação à música da Calábria e da Sicília e a “honra” em receber “artistas da superlativa categoria”: O tenor Pino de Vittorio, “figura primordial da cena europeia”, e Franco Pavan.
“Quando «certa Europa» nos quer esmagar mediante uma normalização avassaladora a arte é uma forma ativas de resistência à máquina que tudo devora”, alertou José António Falcão.
O Festival Terras Sem Sombra informa que foi distinguido com o selo “EFFE – Europe for Festivals, Festivals for Europe” para o biénio de 2015-2016, uma iniciativa com o apoio da União Europeia que reconhece festivais que demonstram um “profundo compromisso artístico, uma intima relação com as suas comunidades e uma forte perspetiva internacional”.
“Queremos mostrar que a riqueza do interior se espelha não só nas gentes que ficam, mas também na capacidade de acolher gentilmente os outros e de potenciar a vinda de novos habitantes”, afirmou a diretora executiva do evento.
Segundo Sara Fonseca, o festival que vai na sua 11.ª edição e prepara a internacional para o Brasil “mexe com a economia regional, cria ebulição e desassossega positivamente as almas mais pacatas”.
Para a tradicional ação de alerta e salvaguarda da natureza os participantes são convidados a “analisar as múltiplas facetas da biodiversidade” da Herdade da Contenda, culminando nas margens da Ribeira do Murtigão, na manhã deste domingo, dia 7 de junho.
“Far-se-á a experimentação da técnica de remoção de espécies piscícolas não-nativas e haverá ainda oportunidade para levantar o véu sobre as ruínas do convento de Nossa Senhora das Necessidades, na Tomina”, informa o departamento do Património Histórico e Artístico, da Diocese de Beja.
CB/OC