Responsáveis religiosos querem «paz justa e duradoura» e solução de «dois Estados, internacionalmente legítima»
Cidade do Vaticano, 27 ago 2024 (Ecclesia) – Os patriarcas e líderes cristãos de Jerusalém apelaram a “um cessar-fogo que ponha fim à guerra” entre Israel e o Hamas, no poder na Faixa de Gaza (Palestina) desde 2007, defendendo uma “solução de dois Estados”.
“Um acordo que ponha fim à guerra, liberte todos os prisioneiros, permita o retorno dos deslocados, trate os doentes e feridos, forneça assistência aos que sofrem de fome e sede, e reconstrua todas as estruturas civis públicas e privadas destruídas”, explicam os responsáveis religiosos, na declaração conjunta divulgada esta segunda-feira.
Os patriarcas e os líderes das Igrejas Cristã em Jerusalém incentivam a “iniciar sem demora” reuniões diplomáticas para “enfrentar as longas questões não resolvidas”, adotando medidas concretas que “favoreçam uma paz justa e duradoura” na região e a “adoção de uma solução de dois Estados, internacionalmente legítima”.
“As negociações para um cessar-fogo têm continuado de maneira interminável, com os líderes das partes beligerantes aparentemente mais preocupados com considerações políticas do que em pôr fim à morte e destruição”, referem os patriarcas e líderes cristãs de Jerusalém, que alertam para uma situação “à beira de uma guerra regional”.
Os responsáveis religiosos também manifestam preocupação pelas suas comunidades cristãs, como as pessoas “que se refugiaram em Gaza, na igreja Ortodoxa de São Porfírio e na igreja Católica da Sagrada Família”, sem esquecerem o “corajoso pessoal do hospital anglicano al-Ahli e os pacientes”.
“Milhões de refugiados deslocados, as suas casas estão inacessíveis, destruídas ou irremediavelmente danificadas, centenas de inocentes são mortos semanalmente ou gravemente feridos por ataques indiscriminados; outros continuam a sofrer de fome, sede e doenças infecciosas”, alertam na declaração conjunta, publicada na página oficial do Patriarcado Latino de Jerusalém na rede social Facebook, di
Esta terça-feira, o secretariado português da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) referiu que a organização internacional intensificou o seu apoio às comunidades cristãs na Terra Santa, desde o dia 7 de outubro 2023, quando começou a guerra em curso na Faixa de Gaza, após um ataque do movimento islamita Hamas em Israel.
A fundação pontifícia “apoia diretamente 602 famílias”, através de cupões de alimentos, como 128 famílias com o pagamento de despesas como serviços públicos e 122 pessoas com apoio médico, “especialmente para os cristãos palestinianos da Cisjordânia, que não dispõem de programas de saúde estatais”, programa de criação de emprego e de projetos.
“Pensamos que a guerra iria parar ao fim de cinco meses, mas ela continua. Muitos cristãos perderam o emprego, viram os seus salários reduzidos ou vivem sem qualquer rendimento. Mas a vida continua, e eles precisam de alimentar as suas famílias, de pagar as propinas e a renda da casa. A vida para eles é terrível”, referiu a coordenadora do Departamento de Serviços Sociais do Patriarcado Latino de Jerusalém.
Dima Khoury afirma que “a Igreja continua a servir”, e explica que com o programa de criação de emprego, “financiado pela Fundação AIS”, conseguiram resolver “três problemas de uma vez: apoiar as famílias, injetar dinheiro na comunidade e manter em atividade algumas organizações geridas por cristãos”, citada pela instituição de caridade pontifícia, que visitou recentemente Israel e a Cisjordânia.
CB/OC
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