«Belém, uma cidade dependente do turismo, sofreu particularmente nos últimos dois anos da guerra de Israel contra Gaza», indica nota que responde a declarações de Netanyahu na ONU

Lisboa, 29 set 2025 (Ecclesia) – Um grupo de líderes cristãos da Terra Santa, incluindo D. Michel Sabbah, patriarca latino emérito de Jerusalém, culpou a ocupação israelita pela imigração forçada na Palestina.
“A razão pela qual os cristãos e muitos outros estão a deixar Belém é a ocupação israelita e as suas políticas de encerramento, autorizações, direitos de residência excludentes, não as políticas da Autoridade Palestiniana”, indica a nota conjunta, assinada também por Attallah Hanna, arcebispo greco-ortodoxo, e por Munib Younan, bispo emérito luterano da Terra Santa.
O documento responde a alegações do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, no seu discurso de 26 de setembro diante da Assembleia Geral das Nações Unidas, durante o qual afirmou que “quando Belém, local de nascimento de Jesus, estava sob controle israelita, 80% dos seus residentes eram cristãos”, atribuindo responsabilidades pela quebra nessa percentagem à Autoridade Palestina.
“Netanyahu não fala em nome dos cristãos palestinos e não se pode permitir que distorça a verdade. Quando Israel ocupou a Cisjordânia em 1967, Belém tinha uma população composta por uma maioria de muçulmanos. Décadas de ocupação israelita, causando condições de vida difíceis, levaram muitos cristãos e muçulmanos a emigrar, e essa realidade continua até hoje”, referem os líderes cristãos.
A nota precisa que Belém era uma cidade de maioria cristã (mais de 80%) até 1948, situação que se alterou com a guerra e a criação de três campos de refugiados na cidade onde nasceu Jesus Cristo.
Belém, uma cidade dependente do turismo, sofreu particularmente nos últimos dois anos da guerra de Israel contra Gaza, com a paragem quase completa do turismo e das peregrinações. Centenas de pessoas deixaram Belém nos últimos meses devido à devastação contínua causada pela ocupação israelita e pela violência militar.”
O Alto Comissariado Presidencial para os Assuntos Eclesiásticos na Palestina refere, em nota a respeito das mesmas declarações do primeiro-ministro de Israel, que hoje “apenas 1,2% dos cristãos permanecem na Palestina histórica e apenas 1% nos territórios palestinos ocupados em 1967”.
OC