Padre Plácido Robaert, nos lugares santos há quase quarenta anos diz que convivência entre religiões ainda tem «um longo caminho» pela frente
Jerusalém, 15 abr 2015 (Ecclesia) – O franciscano padre Plácido Robaert, há quase 40 anos ligado à Terra Santa, disse hoje à Agência ECCLESIA que a ideia de um Estado confessional judaico, em Israel, “é terrível”.
“O Estado devia ser laico. Passou a época do estado ser católico ou muçulmano, porque isso cria violência, cria dificuldade na defesa da liberdade de consciência, da fé e até no sentido da ciência”, afirmou o sacerdote, em Jerusalém.
Para o investigador da Bíblia, Israel deve ser um Estado onde todas as pessoas “vivam fraternalmente” e sem “impor” a fé tem, algo que ainda exige um “caminho longo”, o que não lhe retira a confiança de quem um dia “vai acontecer”.
Natural do Brasil, o padre Plácido Robaert chegou a Jerusalém para estudar os livros da Bíblia em 1982, sendo posteriormente bibliotecário do ‘Studium Biblicum Franciscanum ‘de Jerusalém e trabalha atualmente no Santuário do Getsémani.
“Os peregrinos mudaram muito. Já não há o sentimento religioso, como nos anos 80. Há muita gente que vem fazer turismo, fotografias. Apesar disso, muitos saem a chorar da basílica porque reconhecem que Jesus morreu por nós, que chorou sangue”, disse o sacerdote, em entrevista realizada no Jardim das Oliveiras.
Para o padre Plácido, todos os católicos deveriam visitar a Terra Santa porque é uma ocasião para conseguir uma “ideia mais histórica” dos acontecimentos apresentados nos textos da Bíblia
“Se eu leio a vida do meu avô e vejo onde morou e trabalhou, o que plantou, tenho uma ideia mais histórica da família”, lembrou.
O sacerdote brasileiro acredita que “um dia vai haver uma compreensão maior entre católicos, judeus e muçulmanos”, que possibilite a cada um “praticar a sua fé sem ser importunado pelos outros”.
“A paz é uma obra de Deus. É preciso rezar”, sustenta o padre Plácido Robaert.
PR