Terra Santa: Faixa de Gaza transformou-se numa «prisão a céu aberto», lamenta presidente da Cáritas Jerusalém

Cerca de um milhão e setecentas mil pessoas vivem há anos na «miséria» por causa dos embargos

Lisboa, 18 jul 2013 (Ecclesia) – O presidente da Cáritas Jerusalém diz que o embargo imposto por Israel e pelo Egito aos palestinos da Faixa de Gaza é uma machadada na vida da população local, obrigada a viver abaixo do limiar da pobreza.

Numa entrevista divulgada hoje pela Agência Fides, ligada ao Vaticano, o padre Raed Abusahlia mostrou-se impressionado com o “nível de miséria” a que estão sujeitas aquelas comunidades, que desde 2007 estão confinadas a “uma prisão a céu aberto”, fechada pelo Mar Mediterrâneo.

O sacerdote participou recentemente numa missão da Cáritas no território da Faixa de Gaza, onde mais de um milhão e setecentas mil pessoas, na sua maioria palestinas, lutam pela sobrevivência numa parcela de território com pouco mais de 40 quilómetros de extensão.

De acordo com um relatório da organização católica, a adesão do Egito ao embargo veio dificultar ainda mais a vida das populações, já que aquele país era até há bem pouco tempo uma das únicas fontes de acesso a bens básicos como alimentos e medicamentos.

A oferta de medicamentos foi mesmo um dos grandes objetivos da Cáritas Jerusalém durante a sua passagem pela Faixa de Gaza – grande parte do stock foi oferecido ao Ministério da Saúde local para posteriormente ser distribuído pelos postos de saúde existentes na região.

Neste momento, o organismo humanitário está a coordenar diversos serviços de apoio à população, como um centro de próteses artificiais para pessoas atingidas pela violência do conflito israelo-palestino, uma clínica móvel e um centro médico que atua junto dos campos de refugiados.

O saneamento básico no território é inexistente e “todas as descargas terminam no mar”, transformando a água num foco de potenciais “infeções e epidemias”.

Por outro lado, “a eletricidade desaparece por horas e horas”, o que coloca em causa a assistência nos hospitais.

A Cáritas trabalha também com grupos de socorro pedagógico para crianças traumatizadas pelos bombardeamentos e com núcleos de voluntários que têm como missão distribuir alimentos e apoio económico a famílias que ficaram sem casa durante os ataques militares.

No meio do “sofrimento quotidiano”, a ação dos agentes e voluntários cristãos “representa um sinal eloquente e apreciado de testemunho e de solidariedade para com toda a população”, realça o padre Raed Abusahlia.

O presidente da Cáritas Jerusalém, também ele palestiniano, teve oportunidade de falar com representantes do governo autónomo islâmico do Hamas, que controla a ação social e política na Faixa de Gaza.

Aquele responsável espera que as lutas de poder e as restrições económicas na região terminem “rapidamente” – “Este povo merece viver”, realça o sacerdote.

JCP 

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