Terra Santa: Estado de Israel vai ter de justificar construção do muro de Cremissan

Em causa está um projeto que ameaça a subsistência de pelo menos 58 famílias cristãs na Cisjordânia

Jerusalém, Israel, 10 abr 2014 (Ecclesia) – Termina hoje o prazo dado pelo Supremo Tribunal de Israel ao Estado israelita para justificar a construção de um muro ao longo do Vale do Cremissan, em Belém, na Cisjordânia.

De acordo com a Rádio Vaticano, o organismo judicial quer saber particularmente porque é que o atual traçado do projeto descarta “rotas alternativas que não segregariam as terras dos cristãos palestinos”.

A questão já se arrasta desde 2006 e mexe com a vida de pelo menos 58 famílias cristãs que, por causa do muro, poderão ficar sem casa e sem os terrenos que asseguram a sua subsistência.

O Estado de Israel tem justificado a projeção do muro com a necessidade de assegurar a sua segurança e de proteger as suas fronteiras.

Anica Heinlein, porta-voz do grupo que colocou a petição contra o projeto em tribunal, sublinha que “o caso ainda não está concluído até que seja tomada uma decisão definitiva”.

No entanto, admitiu que a primeira decisão do tribunal “é uma boa notícia que trouxe alegria e esperança à comunidade cristã de Cremissan”.

As famílias cristãs envolvidas na questão esperam que “até que o Estado de Israel responda, todo e qualquer trabalho de construção seja interrompido”.

A porta-voz das famílias acredita que a decisão definitiva do caso não sairá antes da visita do Papa à Terra Santa, em maio deste ano, o que permitirá “que Francisco possa ser informado pessoalmente da situação das terras pertencentes à 58 famílias cristãs e da Igreja Católica”.

É que em causa estão também as terras onde estão implantados um mosteiro e um convento salesiano, com escola infantil e campos desportivos. 

No final de janeiro, os bispos católicos que integram a Coordenação das Conferências Episcopais para o apoio à Terra Santa lançaram um apelo à comunidade internacional para que defenda os direitos das famílias cristãs em Belém, na Cisjordânia.

Numa carta conjunta, os prelados pediram aos governos internacionais para “encorajarem Israel a respeitar o direito internacional e muito particularmente os meios de subsistência das famílias”, pondo um travão nos processos de expropriação de terrenos e casas.

Um dos elementos da Coordenação, D. Richard Pates, diretor da Comissão para a Justiça e Paz da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados-Unidos, escreveu uma carta ao secretário de Estado norte-americano, John Kerry.

O prelado pede a John Kerry para “fazer pressão sobre o Governo de Israel para que ele renuncie a toda e qualquer estratégia tendo em vista a apropriação das terras palestinas na Cisjordânia ocupada”.

D. Richard Pates realça ainda que a questão do Vale de Cremissan “prolonga e acrescenta sérias consequências ao conflito entre Israel e a Palestina” e ameaça “os esforços” que têm sido desenvolvidos à volta de “um acordo de paz”.

JCP

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Agência ECCLESIA

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