Terra Santa: Custódio franciscano espera que peregrinos celebrem Natal em Belém sem conflitos

Frei Francesco Patton sublinha dificuldades enfrentadas pela minoria cristã

Lisboa, 15 dez 2017 (Ecclesia) – O franciscano italiano Francesco Patton, responsável desde 2016 pela Custódia da Terra Santa, disse à Agência ECCLESIA que espera um grande número de peregrinos em Belém, para a celebração do próximo Natal, apesar do clima de tensão.

“Nós esperamos que muitos peregrinos venham a Belém. Estive lá no primeiro domingo de Advento e a cidade estava cheia de cristãos locais e de peregrinos. Esperamos que as tensões dos últimos tempos não arruínem o Natal, de alguma forma, que não haja tensões que desencorajem os peregrinos de ir”, refere, em entrevista publicada hoje na mais recente edição do Semanário ECCLESIA.

A nova onda de tensão nas relações israelo-palestinas, após a decisão dos EUA de reconhecer Jerusalém como capital de Israel, torna a situação mais delicada.

“Nós esperamos que as pessoas venham, pelo Natal, e que essa vinda a Belém no Natal ajude a manter o olhar fixo sobre esta terra, este lugar, e de alguma forma ajudar, com a presença e a oração dos peregrinos, a percorrer o caminho da paz”, assinala frei Francesco Patton.

Prestes a passar o seu segundo Natal em Belém, o religioso diz que ali a celebração é “especial”, com um contexto muito “realista” por causa das dificuldades políticas e sociais que se vivem, tal como no tempo de Jesus.

“Temos de pensar na dificuldade maior, que é a dificuldade da minoria cristã, que muitas vezes é apanhada no meio, quando há tensões e dificuldades entre as duas realidades maioritárias”, realça.

O responsável adianta que desde setembro de 2016 até o início de dezembro deste ano, os peregrinos aumentaram “de forma significativa”, com “números recorde”.

A eventual diminuição do número de visitantes nos Lugares Santos é um “problema” para a comunidade cristã local, que trabalha na área do artesanato ou do acolhimento aos mesmos.

“Quem adquire objetos artesanais em madeira de oliveira, em madrepérola, os terços, as recordações? São os peregrinos. Se eles faltam, os artesãos locais não têm trabalho. Da mesma maneira, o acolhimento dos peregrinos dá trabalho aos cristãos locais, nos hotéis, nas pensões, muitas vezes como guias dos próprios peregrinos”, relata o custódio da Terra Santa, na entrevista.

Centenas de religiosos de várias nacionalidades trabalham atualmente em Israel, na Jordânia, no Egipto, Líbano, Chipre e na Síria, zelando por mais de 70 santuários e lugares santos.

A função principal do custódio, além de animar a vida dos frades, é a de coordenar e encaminhar o acolhimento dos peregrinos que chegam a Terra Santa em peregrinação, nas pegadas de São Francisco de Assis. Uma presença que já tem 800 anos.

OC

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Agência ECCLESIA

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