Terra Santa: Bispos católicos querem «dar voz aos sem voz»

Prelados da coordenação de apoio à Igreja na Terra Santa condenam «bloqueio» a Gaza e construção do muro

Jerusalém, 15 jan 2016 (Ecclesia) – Os bispos do grupo de Coordenação das Conferências Episcopais a favor da Igreja Católica na Terra Santa visitaram as comunidades cristãs em Gaza, Belém e os refugiados iraquianos e estão determinados "a dar voz aos sem voz".

"Levamos as nossas experiências e as histórias que ouvimos, e estamos determinados a dar voz aos sem voz. A violência torna ainda mais urgente que nos recordemos e ajudemos todos, especialmente os marginalizados, que procuram viver na justiça e na paz", revela o comunicado final onde afirmam "vocês não foram esquecidos".

A comitiva era composta por 14 bispos da Europa, América, Canadá e África do Sul que integram a Coordenação das Conferências Episcopais em apoio à Igreja na Terra Santa (Holy Land Coordination, Hlc), onde também estava o padre português Duarte da Cunha, secretário-geral do Conselho das Conferências Episcopais da Europa.

A visita deste organismo realiza-se anualmente e terminou esta quinta-feira, depois de sete dias de viagem onde estiveram com as comunidades cristãs em Gaza, Belém e aos refugiados iraquianos na Jordânia e na Síria.

O encontro com refugiados na Jordânia, que fugiram do Autoproclamado Estado Islâmico, foi considera o "ponto alto da visita" onde constataram que "o regresso a casa não é mais uma opção" para a maioria destes cristãos.

"A Jordânia está a lutar para ajudar quase um quarto de sua população hoje composta por refugiados. Os esforços da Igreja local e das ONGs para ajudar todos os refugiados – cristãos e muçulmanos – são significativos e louváveis, mas a comunidade internacional deve fazer mais para aliviar seus sofrimentos e trabalhar pela paz em toda a região", alertam os prelados.

Neste contexto, fizeram uma recordação aos sacerdotes, às comunidades religiosas e aos leigos da Igreja "vivaz e em crescimento" na Jordânia.

"Espera-se que a entrada em vigor do Acordo global entre a Santa Sé e o Estado da Palestina, nos ofereça um modelo de diálogo e cooperação entre os Estados que respeite e preserve a liberdade de religião e a liberdade de consciência para todos os povos", escreveram.

Sobre o conflito que opõe Israel e a Palestina, o grupo de Coordenação das Conferências Episcopais a favor da Igreja Católica na Terra Santa assinala o "direito" israelita de "viver em segurança" mas contrasta que "a ocupação continua a corroer a alma de ambos, ocupantes e ocupados".

Por isso, apelaram aos líderes políticos mundiais que coloquem "mais energia na procura de uma solução diplomática" para acabar com "quase 50 anos de ocupação" para que dois povos e três religiões possam "viver juntos em justiça e paz".

Os prelados denunciam que o Muro no Vale de Cremissan viola o direito internacional e afirmam à comunidade cristã de Beit Jala: "Vocês não foram esquecidos."

Durante dois dias os bispos estiveram em Gaza, na Palestina, com a comunidade cristã local onde constataram que apesar do "sinal de esperança" o bloqueio continua a tornar as suas "vidas desesperadas".

"Eles vivem realmente numa prisão. A capacidade de muitos cristãos e muçulmanos de se ajudarem nesta situação é um sinal visível de esperança num momento em que muitos procuram dividir a comunidade são um exemplo para todos nós", destacam.

A visita dos bispos católicos às comunidades cristãs da Terra Santa acontece desde 1990.

RV/CB/OC

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