Terra Santa: Bispos católicos denunciam drama de «dezenas de milhares de famílias cristãs»

Ausência de soluções para a paz entre Israel e Palestina está a ter «consequências trágicas»

Jerusalém, 15 jan 2015 (Ecclesia) – Os bispos católicos que estão de visita à Terra Santa denunciaram a falta de condições que “dezenas de milhares de famílias cristãs” enfrentam na Faixa de Gaza, devido ao conflito israelo-palestino.

Numa mensagem enviada hoje à Agência ECCLESIA pelo Conselho das Conferências Episcopais da Europa, também representado nesta iniciativa, eles lamentam a falta de soluções para fazer “avançar a paz”, ao nível das políticas “locais e internacionais”.

Algo que, para as populações radicadas em Gaza, um dos epicentros da guerra, tem tido “consequências trágicas”.

Segundo os prelados, “depois de falhadas as últimas negociações” são necessárias “novas abordagens” que permitam “a construção de pontes, não de muros”, entre Israel e a Palestina.

“É preciso humanizar o conflito, através de medidas que favoreçam o diálogo entre as duas partes. A paz apenas virá quando todos concordarem que este território é sagrado para três credos, o cristianismo, o judaísmo e o islamismo, e casa de dois povos, israelitas e palestinos”, advogam os bispos.

Desde sexta-feira, os responsáveis católicos já tiveram ocasião de contactar e escutar os anseios de diversas comunidades, não só do lado palestino, na Faixa de Gaza mas também do lado israelita.

A viagem que hoje termina envolve líderes e representantes católicos da Europa, da América do Norte e da África do Sul, e está inserida na 15.ª reunião anual da Coordenação das Conferências Episcopais em favor da Igreja Católica da Terra Santa.

De acordo com os membros daquele organismo, o conflito em curso “assalta a dignidade de israelitas e palestinos” e coloca em causa a vida de inúmeros cristãos que têm de saber que “não foram esquecidos”.

Medo, pobreza, desemprego, habitação precária, são muitos os problemas que afligem estas pessoas.

“O bloqueio em Gaza impede dramaticamente qualquer tentativa de reconstrução e favorece um ambiente de desespero que depois mina também as esperanças legítimas dos israelitas em termos de segurança”, descrevem os bispos.

No entanto, no meio de toda a “devastação” e do “receio de novos combates”, “a esperança permanece viva” na região.

Os responsáveis católicos tiveram ocasião de constatar isso mesmo por exemplo na visita a uma “pequena comunidade cristã com uma enorme fé”.

Também através da “tenacidade” demonstrada por “muitos voluntários” que ali trabalham em prol das populações mais carenciadas, e da passagem por uma “escola onde muçulmanos e cristãos estudam e brincam em harmonia”.

“Um estudante disse-nos que durante a guerra recebeu um e-mail a perguntar se precisava de comida, de roupa ou de abrigo. Sem amargura, ele respondeu que o que precisava era de dignidade. É este direito que os líderes políticos têm de defender”, frisam os prelados.

No seu texto, a Coordenação das Conferências Episcopais em favor da Igreja Católica da Terra Santa salienta que “vai continuar a opor-se” às injustiças que estão a ser praticadas no território.

Em causa estão também situações como a “expansão do programa dos colonatos israelitas, ilegal à luz da lei internacional” e “a construção do muro de separação no Vale de Cremisan”, projetada pelo governo de Israel e cuja concretização colocará em causa “a subsistência de muitas famílias cristãs”.

Ao todo participaram nesta visita cerca de 40 bispos e representantes católicos de 16 países: Alemanha, África do Sul, Irlanda, Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega, Suécia, Estados Unidos da América, Inglaterra, Pais de Gales, França, Itália, Canadá, Suíça, e Espanha.

JCP

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Agência ECCLESIA

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