Terço Vivo esgota lotação do Estádio Nacional

Patriarca destacou a presença dos dois amores do Papa: a juventude e Maria O Papa que para os portugueses é de Fátima juntou no passado Sábado mais de 40 mil pessoas que encheram o Estádio Nacional, no Jamor, para rezar o terço e festejar os 25 anos de pontificado de João Paulo II, respondendo a um convite do Patriarcado de Lisboa. D. José Policarpo, Cardeal Patriarca de Lisboa, sublinhou nas palavras com que deu início à recitação do Terço, que “estão presentes os dois amores de João Paulo II: a juventude e Maria”. O alcance da afirmação ultrapassou, pelo que se viveu nesse final de tarde, a referência directa à presença da Cruz das JMJ e da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima. De facto, horas antes do início da celebração já os cantos, aplausos e muito entusiasmo dos presentes davam ao Estádio Nacional o clima dos grandes momentos. Pelas 18h, a cruz que preside às Jornadas Mundiais da Juventude entrou no recinto acompanhada por centenas de jovens do Patriarcado. A seguir, foi colocada no altar, enquanto chegava a imagem peregrina da Senhora de Fátima, rodeada por centenas de jovens e recebida por milhares de panos e lenços brancos, num percurso em tudo idêntico ao que faz no Santuário, para junto do altar. Os jovens, por baixo dos impermeáveis, traziam t-shirt’s laranja com a frase simbólica deste Pontificado: “Não tenhais medo”. D. José Policarpo quis lembrar às pessoas que “estamos aqui reunidos, não tanto em honra do Santo Padre, mas com o Santo Padre, para mostrar que o terço na nossa vida é uma coisa viva”. O “Terço Vivo” no relvado, sustentava esta afirmação: mais de duas mil pessoas desenhavam as contas do rosário, completando a encenação preparada por Filipe La Féria. As 50 contas de cada oração de Avé-Maria eram feitas por 30 pessoas, as dos cinco Pai Nosso tinham 50 cada e mais algumas dezenas de figurantes faziam a cruz, que aparecia no centro do relvado. “Não foi este espectáculo que fez este momento de oração, mas contribuiu para que a oração fosse intensa, fervorosa e piedosa dos que aqui estiveram. E os que aqui estiveram com certeza que há pessoas com há pessoas com motivações, com experiências de Igreja e com tempos de fé muitos diferentes”, explicou à ECCLESIA Henrique Mota, da Comissão organizadora. Entre cada um dos mistérios luminosos as mais significativas comunidades imigrantes presentes em Lisboa – africanos, timorenses, brasileiros, ucranianos – entoaram cânticos a Nossa Senhora, numa série finalizada de maneira tipicamente portuguesa com um fado religioso. Vários movimentos cénicos assinalavam, numa bancada, cada um dos cinco mistérios: a água do baptismo era um grande pano azul, a transformação da água em vinho eram pranchas que se mudavam da transparência para o vermelho, a Palavra que se espalha pelo mundo eram balões brancos largados para o ar, a luz que ilumina a vida via-se nas velas em movimento, a instituição da Eucaristia apareceu num grande cartaz. a homilia da missa, com a participação de quatro coros da zona de Lisboa, o Patriarca recordou que João Paulo II, é um “Papa de intervenção” com um forte carácter e de missão à Igreja no mundo contemporâneo. O Papa “de tomadas de posição decididas, sempre conduzido pelo serviço da verdade, pode não ter agradado a todos mas é inegável que, ao percorrer o mundo, ele o envolveu no abraço termo do amor de Deus. Quanta esperança semeada quando defendeu a justiça proclamou o carácter sagrado da vida humana, convidou os homens a não fazerem das suas diferenças um impedimento para o diálogo e levou os corações atribulados do nosso tempo a recuperarem o sentido da vida, o Ministério de João Paulo II brilhou a missão da Igreja no mundo contemporâneo”, disse. A todos os presentes foi lida uma carta do Cardeal Ângelo Sodano, Secretário de Estado de João Paulo II, onde se dava conta que “o Papa tomou conhecimento com vivo apreço e gratidão desta iniciativa” e, numa alusão ao passado de glória de Portugal, se assegurava que João Paulo II “abraça mais uma vez Lisboa, cidade missionária de Cristo”. Em jeito de reposta, D. José Policarpo leu o telegrama que enviou ao Papa, em nome de todos os participantes: “prometemos que não cessa aqui o nosso amor a esta forma de oração, o Rosário fica mais vivo nas nossas vidas”, diz o texto que fala deste “presente” para João Paulo II. “Obrigado por se ter tornado para nós o Bom Pastor”, concluía a mensagem, assinada pelas palmas de todos os presentes. Para Henrique Mota, que “este é um encontro em que o Papa está aqui em espírito. É fantástico tudo isto que aqui aconteceu sem o Papa estar cá, mas todos sentindo que aqui encontram tudo o que o Papa lhes testemunha, que é a experiência de oração”. A presença avassaladora de participantes e a difusão do evento por rádios e televisões deixaram os organizadores muito satisfeitos, confessando estes que houve a preocupação pelo marketing, por fazer chegar este acontecimento a outros públicos. “Nós usamos os instrumentos que o mundo nos dá e que o mundo reconhece para anunciar a Boa Nova da Verdade”, assegurou Henrique Mota.

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