«Tempo da Criação»: Três frades Capuchinhos e uma autocaravana em viagem pelas 321 paróquias da Diocese de Bragança-Miranda

«Caravana de Esperança» vai percorrer a quarta diocese mais extensa de Portugal, com exemplares do «Cântico das Criaturas», e com a mensagem de Leão XIV para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação 2025

Cartaz: Franciscanos Capuchinhos

Bragança, 12 jul 2025 (Ecclesia) – Os frades Capuchinhos da FIPA – Fraternidade Itinerante de Presença e Apostolado – vão percorrer as 321 paróquias da Diocese de Bragança-Miranda, numa autocaravana, na iniciativa ‘Caravana de Esperança’, pelo ‘Tempo da Criação’ 2025, durante três semanas, em setembro.

“Esta iniciativa surge, antes de mais, da obrigação que nós sentimos, como consagrados, em enriquecer a igreja local com aquilo que é específico do nosso carisma. E o cuidado da Criação é, sem dúvida, algo que nos é muito querido”, disse o responsável pela FIPA, em declarações à Agência ECCLESIA.

“Depois, porque nos pareceu oportuno aproveitar o Tempo da Criação para celebrar de modo mais intenso o 10º aniversário da Encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco, e os 800 anos do Cântico das Criaturas, de São Francisco de Assis, unindo estas celebrações à celebração do grande Jubileu da Igreja, que tem como lema ‘Peregrinos de Esperança’, acrescentou frei Hermano Filipe.

A Fraternidade Itinerante de Presença e Apostolado, dos Franciscanos Capuchinhos em Portugal, é constituída por Hermano Filipe, John Naheten, que este domingo é ordenado diácono, e Hermenegildo Sarmento, que vão levar “Esperança” às comunidades, como mensagem principal; o bispo de Bragança-Miranda, D. Nuno Almeida, tem procurado pôr a diocese a “Caminhar unida na Esperança”.

“Porventura porque, num território que vive todos os desafios próprios do interior do país, urgem os sinais que convidem a olhar para a existência através dos olhos de Jesus, autor da nossa esperança. Depois, essa esperança, pode e deve manifestar-se de múltiplas formas, por exemplo, no empenho na construção da paz, na luta pela justiça ou no cuidado da criação.”

A ‘Caravana de Esperança’, pelo ‘Tempo da Criação’ 2025, vai levar os Capuchinhos da FIPA pelas 321 paróquias, das 18 unidades pastorais, da Diocese de Bragança-Miranda, têm ainda previstas paragens em algumas escolas, lares de idosos e instituições públicas, entre 9 e 30 de setembro.

Esta viagem vai começar “com apenas três pessoas”, numa autocaravana, mas, à medida que for avançando, e se forem “cruzando e rezando com os habitantes das cidades e aldeias, certamente centenas e centenas de pessoas se irão juntar espiritualmente”.

“Queremos que seja uma peregrinação de gente para quem «o mundo é algo mais do que um problema a resolver; é um mistério gozoso que contemplamos na alegria e no louvor» (LS 12)”, acrescentou o entrevistado.

A Diocese de Bragança-Miranda é a quarta diocese mais extensa de Portugal, por isso, os frades Capuchinhos “não” podem “demorar muito tempo em cada paróquia”, têm também o objetivo entregar exemplares do ‘Cântico das Criaturas’ e da mensagem do Papa Leão XIV para o X Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, para além de “rezar com os principais agentes da pastoral de cada comunidade a oração do Jubileu”.

“Pedindo ao Senhor que desperte em nós a bem-aventurada esperança para a vinda do seu Reino e nos transforme em cultivadores diligentes das sementes do Evangelho”, assinalou frei Hermano Filipe, sobre a ‘Caravana de Esperança’.

Segundo o responsável pela FIPA, ao final do dia, quando os frades pararem para descansar, e que se podem alongar, “um pouco mais, no contato com as pessoas, celebrar a Eucaristia e ter momentos de partilha e convívio”.

Desde 12 de novembro de 2023, a Fraternidade Itinerante de Presença e Apostolado (FIPA), da Província Portuguesa da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, é uma presença na Paróquia de Argozelo, no concelho de Vimioso, da Diocese de Bragança-Miranda, até meados de 2026.

CB/OC

Foto: Mensageiro de Bragança

Leão XIV escreveu a sua primeira mensagem para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação (1 de setembro), data que marca o início do ‘Tempo da Criação’, uma celebração que termina na festa litúrgica de São Francisco de Assis (4 de outubro).

“Em duas ocasiões, o Santo Padre refere a necessidade de ações concretas. Não basta acenar com a cabeça ou aplaudir as mensagens dos sumos pontífices. A busca de uma ecologia integral exige que lutemos pela justiça ambiental, social, económica e antropológica e isso passa, por um lado, por uma maior consciência de pecado, e, por outro, por iniciativas que se tornem “sementes de paz e esperança”, destaca frei Hermano Filipe.

Respondendo à pergunta, como é que podem levar essa mensagem às pessoas da diocese transmontana, acrescenta que esta região de Portugal tem caraterísticas muito próprias, “tanto a nível natural como a nível humano”: “Não é difícil identificar na região algumas preocupações do Papa, nomeadamente com a justiça”.

“Enquanto no litoral as pessoas passam o tempo a exigir novos e melhores hospitais, em Miranda do Douro, por exemplo, se uma pessoa tiver uma emergência médica, a ambulância terá de percorrer cerca de uma hora até chegar ao hospital distrital. Mas, claro, Bragança só elege três deputados. E tudo isto tem a ver com a visão cristã de uma ecologia integral.”

O entrevistado recordou o dia em que ali chegou, quando conversavam com o bispo dicoesano, D. Nuno Almeida, percebeu que “o olhar repousava sobre o horizonte”, disse: «Aqui rezamos mesmo sem querer».

“E é verdade… Aqui, as serras e os planaltos, a cultura, a gastronomia, o rosto das pessoas, o ritmo de vida, tudo nos convida ao louvor ao Senhor”.

A encíclica ‘Laudato si’ (Louvado sejas), documento ‘sobre o cuidado da casa comum’ do Papa Francisco, foi publicada há 10 anos, em 2015, segundo o frade Capuchinho, “no início, foi apenas uma agradável surpresa”, que, ao mesmo tempo, “deixou um pouco desconcertados”, de repente um Papa Jesuíta “valorizava a riqueza da tradição espiritual franciscana, porventura, mais” do que eles próprios.

“Na Carta Programática dos Capuchinhos para o triénio 2020-2023, a Laudato Si’ moldou todas as linhas de ação desejadas, pois, como o documento lembra, em São Francisco de Assis, torna-se evidente «até que ponto são inseparáveis a preocupação pela natureza, a justiça para com os pobres, o empenhamento na sociedade e a paz interior» (LS 10)”, explicou, adiantando que a concretização da encilica em cada Fraternidade Capuchinha em Portugal “depende muito da sensibilidade de quem assume a missão de animar os irmãos”.

Em 2025, os Franciscanos estão a celebrar os 800 anos do Cântico das Criaturas – o Cântico do Irmão Sol – de São Francisco de Assis, uma oportunidade para refletir sobre a sua atualidade olhando para a natureza e as pessoas, numa ecologia integral, “e a ecologia integral não tem a ver apenas com a fauna e a flora”, mas, com uma visão alargada do cuidado da ‘casa comum’ e daqueles que a habitam.

“A Laudato Si’ tem uma frase-chave que é ‘tudo está interligado’. Para nós, levar o Cântico das Criaturas às pessoas é chamar a atenção para a importância dessa visão cristocêntrica da Criação onde, numa referência estável ao Criador, as criaturas descobrem a sua identidade, vocação e missão”, concluiu frei Hermano Filipe.

 

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