«Felizmente, vamos percebendo, cada vez mais, a tal conversão ecológica, que há algo de interior que nós temos que mudar», realçou o frade franciscano

Lisboa, 05 set 2025 (Ecclesia) – Frei Hermínio Araújo, da Ordem dos Frades Menores (OFM), destaca que o Papa Leão XIV está a “acolher muitos dos desafios do pontificado de Francisco”, como o atual ‘Tempo da Criação’, e a “relançá-los ao seu jeito”.
“Vemos um Papa a acolher muitos dos desafios do pontificado de Francisco, do Papa Francisco, e a relançá-los muito ao seu jeito também, e procurando trazer para a atualidade da vida, para a dinâmica eclesial. Um dos aspetos que gostava de evidenciar da radicalidade evangélica. Depois do texto do Evangelho é a linguagem da radicalidade”, disse o sacerdote franciscano, em entrevista à Agência ECCLESIA, transmitida, esta sexta-feira, na RTP2.
A Igreja Católica começou a viver o ‘Tempo da Criação’, com o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, esta segunda-feira, 1 de setembro; esta celebração ecuménica e ecológica anual, este ano tem como tema ‘Paz com a Criação’, vai terminar na Festa de São Francisco de Assis, no dia 4 de outubro; em 2025, comemora-se também os 800 anos do ‘Cântico das Criaturas’ do santo de Assis, e o 10.º aniversário da encíclica ‘Laudato Si’, do Papa Francisco.
Frei Hermínio Araújo lamenta que “não é uma relação autêntica, genuína” que se tem com o mundo, que a relação é “inexistente, por vezes, por causa do domínio de posse que o ser humano quer estabelecer com a criação”.
Leão XIV pede que se reze para que se experimente a “interdependência com todas as criaturas, amadas por Deus e dignas de amor e respeito”, “inspirados em São Francisco”, e fez uma oração inédita, no ‘Vídeo do Papa’ com a intenção de oração para setembro.
“Ele é um filho de Santo Agostinho, como se apresentou, e vemos aqui, logo no início até desta oração, muita linguagem de Santo Agostinho, nomeadamente nas ‘Confissões’. Nas confissões há uma espécie de, em muitos lugares, o ‘Cântico das Criaturas’ quase em embrião”, acrescentou o frade franciscano.
Frei Hermínio Araújo refere que talvez se possa ir percebendo, “cada vez mais, neste aspeto do pontificado do Papa Leão, esta tradição agostiniana”, que é “tão significativa para a escola franciscana”, para o pensamento franciscano.
“Esta fundamentação, esta consistência em termos doutrinais, é quase o trabalhar as raízes, as bases doutrinais e trazer isso para a dinâmica eclesial, para enquanto Igreja nós percebemos, cada vez mais, que toda esta atitude de reconciliação com a criação que nós temos no ‘Cântico das Criaturas’ é algo que é de matriz bíblica e da melhor tradição cristã, nomeadamente de Santo Agostinho, o pai espiritual do Papa Leão”, desenvolveu.
Para o religioso franciscano há uma receção que vai acontecendo nas comunidades do ‘Tempo da Criação’, “com iniciativas muito concretas, boas práticas em muitas paróquias”, como naquela onde vai participar na Paróquia de Esmoriz (Diocese do Porto).
“Felizmente, vamos percebendo, cada vez mais, a tal conversão ecológica, que há algo de interior que nós temos que mudar. Tem a ver, sobretudo, com um novo modo de ver, de nos entendermos, uma nova visão, uma nova mentalidade de estarmos no mundo, na vida, na relação, inclusive uma nova mentalidade na relação com Deus.”
A Família Franciscana Portuguesa vai realizar a sua 52ª peregrinação nacional a Fátima, nos dias 4 e 5 de outubro, o frade franciscano explica que o tema está ligado aos 800 anos do Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis.
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