«Tempo da Criação»: Celebração ecuménica e ecológica marca nova fase do Projeto «Eco Igrejas Portugal»

«O cuidado da casa comum exige a luta contra a pobreza», afirma Juan Ambrosio

Lisboa, 01 set 2025 (Ecclesia) – O ‘Eco Igrejas Portugal’, “consórcio” de várias Igrejas e organizações Cristãs, vai começar a divulgar de forma “mais robusta” este projeto durante o ‘Tempo da Criação’ 2025, que decorre de 1 de setembro a 4 de outubro.

“É um projeto que propõe uma certificação ambiental das comunidades cristãs, com diversos selos, três níveis – o nível de discernimento, o nível de compromisso, o nível da transformação -, um projeto para que as comunidades cristãs se envolvam e, em três anos, procedam a transformações efetivas, da maneira como se situam, como gerem a sustentabilidade ecológica”, explicou o vice-presidente da comissão coordenadora da ‘Rede Cuidar da Casa Comum’, esta segunda-feira, em entrevista à Agência ECCLESIA.

Juan Ambrosio realça que o ‘Eco Igrejas Portugal’ “é um consórcio” que “é um bom exemplo” de como o cuidado da criação, o cuidado da casa comum, “é um espaço, um tempo, uma dinâmica privilegiada” para viver a dimensão da unidade.

“Vamos dar início, digamos assim, à parte visível deste projeto, vai ser durante este ‘Tempo da Criação’ que vai surgir publicamente o site, vai começar a divulgar este projeto com uma newsletter, e com uma ferramenta que queremos também lançar e disponibilizar às comunidades cristãs”, acrescentou.

O ‘Tempo da Criação’ é uma celebração ecuménica e ecológica, este ano com o tema com o tema ‘Paz com a Criação’, que começa hoje, 1 de setembro, e termina no dia 4 de outubro, quando a Igreja Católica celebra a festa litúrgica de São Francisco de Assis; este tempo começa com o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, que tem como tema ‘Sementes de Paz e Esperança’.

Débora Raimundo, da associação ‘A Rocha Portugal’, explica que abriram o projeto e a certificação ambiental a “todas as Igrejas e comunidades de fé, porque não é só para Igrejas”, mas querem englobar também as associações e organizações, os colégios e as escolas, para que todas essas instituições de caráter cristão “possam começar um caminho de sustentabilidade, com dados mensuráveis e que a sua evolução, o seu progresso, seja de facto visível”.

“Queremos mostrar, com dados, que de facto as Igrejas estão empenhadas nas questões de sustentabilidade, e é o percurso que nós propomos”, salientou a entrevistada da Associação Cristã de Estudos e Defesa do Ambiente.

Um grupo de Igrejas Cristãs – COPIC, a CEP, a Aliança Evangélica,  a ONG ‘A Rocha’, e a Rede ‘Cuidar da Casa Comum’ – assinou um memorando de entendimento para o desenvolvimento do ‘Eco Igrejas Portugal’, no dia de 12 junho de 2021, na Catedral de São Paulo, da Igreja Lusitana (Comunhão Anglicana), em Lisboa; este programa visa a promoção da ética da sustentabilidade, contida em princípios ecoteológicos, e a aplicação nas diferentes Igrejas e comunidades cristãs de indicadores de diagnóstico, educação e gestão ambiental, para uma melhoria contínua da sustentabilidade ecológica.

Juan Ambrosio destaca que “é interessante” como neste projeto, “que agora vê esta fase de divulgação”, são capazes de perceber “como ele foi surgindo fruto de um diálogo, de uma reflexão em comum”, de irem percebendo as diversas sensibilidades, de escutaram “fora” de cada comunidade o que “é hoje o pulsar do mundo, o pulsar da história”, e verem como têm que ter “um cuidado imenso com a criação”.

Débora Raimundo explicou que para a certificação ambiental não querem apenas que as Igrejas Cristãs “estejam unidas entre si”, mas querem que as Igrejas “se envolvam com as comunidades à volta delas, com a sociedade civil”, nomeadamente, o que é que na área do ambiente está a ser feito naquela área geográfica, porque “também é muito importante”.

“Bem comum e cuidado são dois pilares fundamentais deste projeto, deste exercício do cuidado da criação, este exercício ecuménico que queremos, de facto, ensaiar”, acrescentou ainda o vice-presidente da ‘Rede Cuidar da Casa Comum’.

Para além dos diversos materiais disponíveis na página na internet do ‘Tempo da Criação’ para esta celebração nas igrejas e comunidades, a Rede Cuidar da Casa Comum e a Associação ‘A Rocha’ também disponibilizam “uma diversidade de propostas”, para além dos “diversos parceiros” que se juntaram “neste consórcio” ‘Eco Igrejas Portugal’.

HM/CB/OC

Sobre a adesão e a importância dos jovens a estes projetos e temas, a entrevistada da Associação Cristã de Estudos e Defesa do Ambiente, ‘A Rocha Portugal’, comenta que eles já estão “no que tem a ver com o ambientalismo”, e têm de perguntar “o que é que eles estão a ver, o que é que eles estão a pensar em relação a este cuidado do ambiente”, e convidá-los a trabalhar com estas organizações e as Igrejas.

“Os movimentos de jovens já têm caminho percorrido nesta área, e creio que nos jovens cristãos talvez ainda não tenham percebido bem que a fé tem tudo a ver com isso. Talvez separem ainda as suas preocupações ambientais da sua fé e o que nós temos a dizer-lhes é que faz parte da vida cristã, faz parte do discipulado, esta preocupação com a casa comum, preocupação com o outro”, salientou Débora Raimundo, da organização não-governamental de ambiente fundada em Portugal, no Algarve, em 1983.

Juan Ambrosio sublinha que os jovens “estão muito disponíveis, e desde há algum tempo”, para estas questões climáticas e ambientais, “e para denunciar e até combater os abusos”, mas realça que é preciso perceber que a defesa do ambiente e do clima “obrigatoriamente implica a luta contra a pobreza, a luta contra a exclusão”.

“O cuidado da casa comum exige a luta contra a pobreza; todas essas dimensões têm que ser incluídas e esse pode ser um dos grandes contributos da perspetiva cristã, sem negar a importância da dimensão climática e ambiental, alargá-la a outras dimensões que são igualmente fundamentais, e que têm que ser trabalhadas em conjunto”, salientou o entrevistado, no Programa ECCLESIA, transmitido hoje, na RTP2.

 

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