«A natureza não é um instrumento de troca, não é uma mercadoria negociável» – D. Antonino Dias

Portalegre, 02 set 2025 (Ecclesia) – O bispo de Portalegre-Castelo Branco afirma que cuidar da criação, a justiça ambiental, e escutar os “gritos da Terra e das vítimas das alterações climáticas e das catástrofes ambientais, “não são uma tarefa opcional”, “é uma exigência teológica”.
“A natureza não é um instrumento de troca, não é uma mercadoria negociável, não é um campo de batalha a ver quem é que mais, egoisticamente, explora, pilha e usufrui dos seus recursos, penalizando as populações, minando a estabilidade social”, escreve D. Antonino Dias, numa mensagem publicada online para o ‘Tempo da Criação’ 2025.
O bispo de Portalegre-Castelo Branco acrescenta que “não raro” os interesses encobertos por “uma linguagem hipócrita e por um marketing prepotente e abusivo” querem fazer crer que “tudo é lícito e natural”.
Segundo este responsável diocesano, “não faltam” os estudos, as vozes e os documentos, o cuidar da criação, a justiça ambiental, “o escutar com o coração” os gritos da Terra e das vítimas das alterações climáticas e das catástrofes ambientais, “não são uma tarefa opcional”, secundária, ou “um falar para não estar calado”, porque.
“É um dever, uma obrigação, uma questão de justiça social, económica e antropológica. É uma exigência teológica, tem motivações éticas e espirituais, é também uma questão de fé e de humanidade. Não somos senhores da criação, somos criaturas, não somos seus proprietários ou donos, não somos seus ferozes dominadores, não estamos autorizados a saqueá-la”, desenvolveu.
A Igreja Católica começou a viver o ‘Tempo da Criação’, esta segunda-feira, 1 de setembro, com o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação; esta celebração ecuménica e ecológica, que este ano tem como tema ‘Paz com a Criação’, termina na Festa de São Francisco de Assis, no dia 4 de outubro.
“Esta carícia de Deus que é a criação, esta casa comum, este jardim do mundo, este manancial de encanto e reverência, esta continua revelação do divino, esta linguagem do amor de Deus, este maravilhoso livro aberto, merece maior atenção e dedicação”, salienta D. Antonino Dias, na mensagem publicada no seu perfil na rede social Facebook, onde cita também a Carta Encíclica ‘Laudato Si’ do Papa Francisco (n.ºs 20-22).
O bispo diocesano explica que se a ecologia integral for “cada vez mais acolhida e partilhada, como caminho a seguir”, ‘muitas sementes de justiça podem germinar, contribuindo para a paz e a esperança’, como escreve Leão XIV na mensagem para o 10° Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação 2025.
O Papa, destaca ainda D. Antonino Dias, indica que aliadas à oração, são necessárias vontades e ações concretas, porque, “em várias partes do mundo, já é evidente que a terra está a cair na ruína”, e continua a aumentar “a violação do direito internacional e dos direitos dos povos”, o desflorestamento, a poluição, a perda de biodiversidade.
Na mensagem ‘a ecologia integral reclama educação e conversão’, o bispo de Portalegre-Castelo Branco recorda ainda que o Papa São Paulo VI alertou que se “os progressos científicos mais extraordinários, as invenções técnicas mais assombrosas, o desenvolvimento económico mais prodigioso, se não estiverem unidos a um progresso social e moral, voltam-se necessariamente contra o homem”, no 25º aniversário da FAO (1965), a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura.
CB/OC