Temas fracturantes dificultam diálogo ecuménico em Portugal

Casamentos entre pessoas do mesmo sexo ou questões bioéticas são temas que dividem os cristãos

Questões como o casamento entre pessoas do mesmo sexo ou da área da bioética continuam a separar as Igrejas cristãs em todo o mundo e também no nosso país, assumindo uma dimensão “fracturante” no diálogo entre as várias comunidades.

Esta realidade foi assumida numa emissão conjunta da Igreja Católica e do Conselho Português de Igrejas Cristãs (COPIC) do Programa “A Fé dos Homens”, na Antena 1.

D. Manuel Felício, Bispo da Guarda e presidente da Comissão Episcopal da Doutrina da Fé, considerou que seria necessário identificar “questões concretas” em que as Igrejas deveriam falar a uma só voz: “Isso era importante em questões que têm a ver com problemas morais, com o âmbito da família”, para além das migrações ou das questões ecológicas.

“Nós hoje em Portugal estamos com essa urgência”, assinalou, apelando a um “acordo de regime sobre valores humanos fundamentais”.

D. Fernando Soares, da Igreja Lusitana (anglicana), admitiu que “temos falhado um pouco” neste diálogo, mas apelou ao realismo: “As questões que hoje se levantam no plano moral, no plano social, são fracturantes nas próprias Igrejas”.

“Há problemas que efectivamente não conseguem determinar um consenso das respectivas Igreja no contexto dos seus membros, do seu próprio clero”, recordou, frisando que “algumas dessas questões são novas na nossa sociedade”.

Este responsável aludiu explicitamente à recente legislação sobre casamentos entre pessoas do mesmo sexo. A crescente “diversidade” na sociedade desafia as Igrejas e confronta-as com novos problemas, prejudicando a obtenção de “consenso” e afastando essas questões da discussão, “com medo das fracturas que por aí poderão surgir”.

Para D. Manuel Felício, é preciso ter atenção as questões trazidas pelo “nosso contexto próprio”, juntando à discussão os pontos abordados pelos grandes acordos doutrinais e as grandes conferências.

Em concreto, há “boas experiências” nos hospitais, nas escolas ou na comunicação social.

A este respeito, D. Fernando Soares disse que “seria de esperar que se desse um passo em frente” para consolidar as relações entre as várias Igrejas, mas destaca o caminho já percorrido nas últimas décadas.

Em particular, sublinhou o que tem sido feito no campo social, com a colaboração de diversas estruturas humanitárias cristãs, estabelecendo “relações extraordinárias”.

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