Taizé: Resposta à crise ultrapassa Economia

Prior da comunidade ecuménica lamenta dificuldades sentidas pelos jovens e diz que é necessária «confiança»

Taizé, França, 07 mar 2012 (Ecclesia) – O responsável máximo pela Comunidade ecuménica de Taizé, em França, considera que a atual crise europeia exige uma solução que não é “apenas económica e técnica”, apelando à “confiança” e à “solidariedade”.

“A resposta deve ser mais profunda e é precisamente a confiança: nenhum ser humano, nenhuma sociedade pode viver sem confiança”, refere o irmão Alois, em entrevista hoje publicada pela Agência ECCLESIA.

Como prior da comunidade ecuménica, o religioso tem possibilidade de contactar com centenas de milhares de jovens que se deslocam à pequena localidade francesa ou participam nas iniciativas promovidas pelos monges, em vários países, na chamada ‘Peregrinação de Confiança através da Terra’.

O responsável diz que é possível constatar os efeitos de um “desemprego muito grande, sobretudo entre os jovens”, sublinhando ser triste que estes “pensem em emigrar para procurar um futuro noutro lugar”.

“Esta grave crise força-nos a uma solidariedade maior, a pensar como podemos partilhar as nossas riquezas materiais”, assinala.

Para o irmão Alois existem duas dimensões centrais na proposta de Taizé, o silêncio e a simplicidade, que permitem “dar lugar a Deus”: “Há hoje em dia uma sede espiritual, ou seja, muitos jovens questionam-se sobre o sentido das suas vidas”.

“Nas nossas sociedades, temos de estar atentos para que esta dificuldade e esta crise económica que vivemos não nos conduzam à desconfiança e ao medo, mas saibamos viver verdadeiramente a confiança”, observa o prior de Taizé, que sucedeu ao fundador da comunidade, irmão Roger, em 2005.

A este respeito, acrescenta, vai ser necessário aprender, no futuro, a “viver com menos riquezas materiais”, também na Europa, e procurar mais a “realização nas relações pessoais, nas relações de solidariedade com os outros”.

“Nós, os cristãos, podemos procurar muito concretamente nas nossas comunidades, nos grupos de jovens, nas paróquias, como aprofundar a confiança e como ela nos leva a uma partilha, também material”, acentua.

O religioso de origem alemã fala da importância da dimensão espiritual como motor de transformação para um mundo em crise: “As dificuldades tornam-se maiores: dificuldades para completar os estudos, encontrar um emprego, construir o futuro. Isso faz com que esta questão do sentido da vida se torne mais forte”.

Sobre as propostas dos monges para o período de preparação para a próxima Páscoa, o irmão Alois diz ser “muito importante” que a Quaresma não seja “um tempo de tristeza, de lamentação”.

“Cristo apela à conversão, quer dizer, a voltar-se para Deus e acreditar na Boa Nova, não voltar-se sobre si próprio, unicamente sobre as falhas, sobre o que não está bem no mundo. Isso é muito importante, mas não basta”, refere.

Em conclusão, o responsável destaca que a Comunidade de Taizé está “muito ligada à Igreja em Portugal”, manifestando a sua alegria pela presença sistemática de jovens lusos na pequena localidade francesa, cerca de 360 km a sul de Paris.

A entrevista integra a mais recente edição do Semanário Agência Ecclesia, com um dossier dedicado à espiritualidade e à vivência da Quaresma.

OC

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